Folha de S. Paulo


Ator-encrenca, Shia LaBeouf defende John McEnroe, antigo tenista-encrenca

Divulgação
Editor e Chefe da Vanity Fair Graydon Carter chega na Festa dos Óscares da Vanity Fair de 2015 em Beverly Hills, Califórnia, EUA.
Cena do filme 'Borg/McEnroe', que abriu o Festival de Toronto

Ator-encrenca, Shia LaBeouf encontrou aquele que talvez seja o papel mais afeito à sua explosiva personalidade: o temperamental tenista John McEnroe.

Assim como o esportista americano, o ator de 31 anos também é dado a berros, palavrões e respostas atravessadas a jornalistas.

Dirigido pelo dinamarquês Janus Metz, "Borg/McEnroe" abriu a programação do Festival de Toronto, nesta quinta (7).

O longa enfoca a rivalidade de tintas épicas entre dois tenistas que não poderiam ser mais opostos: de um lado, o sueco Björn Borg, jogador de frieza nórdica que durante os anos 1970 havia acumulado quatro vitórias no Grand Slam de Wimbledon, o mais tradicional do circuito. Do outro, o esquentado e respondão McEnroe, nova-iorquino que rapidamente galgava o pódio.

Conhecido por abandonar entrevistas e por ter desfilado em tapete vermelho usando um saco na cabeça, LaBeouf foi insistentemente questionado sobre suas semelhanças com o esportista pelos jornalistas.

"Esse é só mais um paralelo que vejo com McEnroe. Por isso, esse filme é uma catarse", afirmou o ator na entrevista coletiva, vestindo uma jaqueta vermelha de mangas bufantes.

Ele também defendeu o comportamento controverso do tenista, que xingava juízes e torcedores a rodo: "Ele não foi bem interpretado, tudo o que acontecia a ele estava acontecendo muito rápido, só depois é que ele pôde refletir."

Em "Borg/McEnroe", a imagem que a história do esporte consagrou sobre os dois tenistas é rapidamente desmontada.

Por trás da frieza do sueco metódico, mostra o filme, estava um sujeito que aprendeu a domar os arroubos de adolescente para não deixar que a emoção atrapalhasse o desempenho —"um vulcão por trás do iceberg", sustenta o longa. Já o americano explosivo se prova na trama muito mais tático e focado do que seus acessos de raiva deixavam transparecer.

"Tinha de ser mais do que um filme sobre tênis", afirmou Metz, o diretor. "É uma história sobre questões existenciais e sobre até onde vão as pessoas para exceder seus limites."

Apesar do desejo do diretor dinamarquês de transcender o esporte, essa não foi a opinião que o longa colheu em Toronto. Para o crítico Peter Bradshaw, do inglês "The Guardian", por exemplo, o longa de Metz não tem tensão e "nada que aconteça fora das quadras que mantenha a empolgação."

A escolha para que "Borg/McEnroe" abrisse a mostra canadense soa natural; a edição deste ano está coalhada de filmes sobre esporte inspirado em casos reais. "I, Tonya" põe Margot Robbie no papel da patinadora Tonya Harding, e "Battle of Sexes" revive outra rivalidade do tênis, entre a jogadora Billie Jean King (Emma Stone) e o jogador Bobby Riggs (Steve Carell).


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