Folha de S. Paulo


Tática do 'Rock Bola' leva ao rádio música, bom humor e futebol

Diego Padgurschi /Folhapress
Leo, filho de Casagrande, Zé Luiz (atrás), Marcelo Rubens Paiva e Branco Mello no estúdio
Leo, filho de Casagrande, Zé Luiz (atrás), Marcelo Rubens Paiva e Branco Mello no estúdio

Alguém acha natural comentar duas derrotas seguidas do Corinthians em casa no Brasileirão e, um minuto depois, começar uma análise da duração das músicas do grupo de rock The Doors? Ou lamentar a crise no time do São Paulo assim que acaba de ouvir o punk dos Sex Pistols?

Quatro caras acham e fazem isso todas as noites de segunda-feira na rádio paulistana 89 FM, há quase dois anos. E deve ter muito mais gente adepta dessa conexão de música e futebol, porque o programa "Rock Bola" está em quarto lugar no horário.

Bate mesas futebolísticas da concorrência, perdendo em audiência apenas para rádios estritamente musicais.

O locutor Zé Luiz, que tem no currículo de sucessos um grande hit em passagem anterior na 89, "Balacobaco", é o capitão de um time veterano. Se disputasse uma categoria de futebol, o escrete do "Rock Bola" estaria na "sub-60": Zé, Walter Casagrande Junior, comentarista de TV e ex-jogador, Branco Mello, dos Titãs, e o escritor Marcelo Rubens Paiva, todos cinquentões.

"Sabe aquela rapaziada que se reúne numa noite da semana para jogar? Pois é, o programa é o nosso futebol com os amigos", diz Zé Luiz à Folha.

Ele e Marcelo são titulares, mas, quando as coberturas de TV impedem Casagrande de participar ou a agenda dos Titãs compromete Branco, filhos tomam o lugar dos pais.

Na segunda (28), com Casão em Porto Alegre para o jogo da seleção contra o Equador, Leo Casagrande saiu do banco. Bento é o reserva de Branco.

Cada integrante escolhe uma música para tocar no programa, que tem uma hora.

Enquanto seus parceiros apostaram no classic rock, Leo trouxe o som de um emergente, o guitarrista Eric Gales. Arriscou chamá-lo de "novo Jimi Hendrix", o que provocou um contra-ataque rápido dos colegas. "Tudo bem, tudo bem! Só falei porque ele é negro e canhoto", justificou Leo.

COMPROMETIMENTO

Zé Luiz tem uma teoria sobre o sucesso do "Rock Bola". "Rádio precisa de comprometimento. Muitos programas com gente famosa em outras atividades acabam durando pouco porque não é fácil pegar o caminho do estúdio toda semana. Esses caras estão aqui porque vestem a camisa."

"A ideia foi do Casagrande e todos compraram. Para mim, é um jeito de me tirar de casa. Viajo sempre com a banda e fico muito com a família o resto do tempo", diz Branco.

Para Marcelo, há um elo geracional no grupo. "Todos ouviram rádio desde criança. Eu adorava o Osmar Santos e seus bordões, era genial! E escutava o 'Show de Rádio', claro."

"Nossa, é mesmo. 'O Show de Rádio' marcou demais", conta Branco sobre o programa humorístico que a Jovem Pan transmitia depois das rodadas de futebol nos anos 1970. A equipe do radialista Estevam Sangirardi criava esquetes com personagens que torciam por Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo.

"Rock Bola" tem comentários pertinentes e muito humor. Ninguém perde a piada, há muita provocação entre eles. "Está ótimo! Bom mesmo era ter patrocinador", fala Branco, vendendo o peixe.

ROCK BOLA

QUANDO segundas, 21h, na 89 FM


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