Folha de S. Paulo


CRÍTICA

Excesso de clichês auxilia nas atuações de 'Dupla Explosiva'

Divulgação
Samuel L. Jackson e Ryan Reynolds em cena do filme 'Dupla Explosiva
Samuel L. Jackson e Ryan Reynolds em cena do filme 'Dupla Explosiva'

DUPLA EXPLOSIVA (bom)
(The Hitman's Bodyguard)
DIREÇÃO Patrick Hughes
PRODUÇÃO EUA/China/Bulgária/Holanda, 2017
ELENCO Ryan Reynolds, Samuel L. Jackson e Elodie Yung
QUANDO estreia em 31/8
Veja salas e horários de exibição

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É comum se dizer que uma tonelada de clichês arruína qualquer coisa. Talvez seja necessário então responder que nem sempre isso acontece. Porque clichês formam uma base que pode servir ou não a um filme, de acordo com a maneira como essa base será utilizada.

No caso de "Dupla Explosiva", de Patrick Hughes (diretor do competente "Os Mercenários 3"), essa base formada por clichês ajuda a sustentar o trabalho dos atores, e no final ainda proporciona um divertimento razoável.

Clichês costumam provocar previsibilidade. Mas a maneira como bons atores lidam com essa previsibilidade pode fazer a diferença. Ainda mais se conscientes de estar num tipo de filme muito popular desde que James Cameron colocou tudo de pernas para o ar com seu "True Lies" (1994). Ou seja, o filme de ação que "não se leva a sério".

Ryan Reynolds tem seu lado carismático. Basta que um diretor saiba usá-lo. É o caso aqui. Como o profissional encarregado da segurança de poderosos executivos, desses que de tão poderosos têm inimigos mortais, Reynolds dá conta do recado e sobra. Torna-se mesmo um dos motivos de graça do filme.

O outro motivo de graça, claro, é maior. Covardia, já que estamos falando de um dos atores mais talentosos dos últimos anos: Samuel L. Jackson. No papel de assassino profissional, Jackson injeta aquele tipo de humor "badass" que o tornou conhecido, sobretudo a partir de "Pulp Fiction" (Quentin Tarantino, 1994).

A química entre esses dois atores realmente funciona. Por um motivo, o guarda-costas fica encarregado de proteger o assassino, que irá depor contra um ditador sanguinário bielorrusso (Gary Oldman).

O que vemos em ação é uma dupla inusitada num jogo óbvio, mas divertido, de rejeição inicial que se transforma naquele tipo de brodagem que Robin Wood bem observou como homoerótica, tão comum nos filmes americanos.

Filmes como "Dupla Explosiva" não vão tirar o cinema americano da crise em que se encontra, mas ao menos injetam diversão interessante no circuito comercial.

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