Folha de S. Paulo


CRÍTICA

Longa faz leve sobrevoo sobre a carreira do diretor Ruy Guerra

Divulgação
Ruy Guerra é retratado em 'O Homem que Matou John Wayne', filme de Bruno Laet e Diogo Oliveira
Ruy Guerra é retratado em 'O Homem que Matou John Wayne', filme de Bruno Laet e Diogo Oliveira

O HOMEM QUE MATOU JOHN WAYNE (regular)
DIREÇÃO Diogo Oliveira e Bruno Laet
PRODUÇÃO Brasil, 2016, 12 anos
Veja salas e horários de exibição

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Concluído em dezembro de 2015 e exibido em abril de 2016 como um programa especial do É Tudo Verdade - Festival Internacional de Documentários, "O Homem que Matou John Wayne" só estreia comercialmente agora, um pouco por causa dos problemas do circuito, e outro tanto por causa da matéria-prima do filme.

Para o bem e para o mal, o lançamento desse pequeno ensaio (70 minutos) em torno do diretor de "Os Cafajestes" (1962) e "Os Fuzis" (1964) coincide com a chegada às livrarias de "Ruy Guerra: Paixão Escancarada", biografia escrita pela historiadora Vavy Pacheco Borges –que também assina o roteiro e a produção executiva do filme.

Para o bem: com livro e filme ao mesmo tempo disponíveis, ilumina-se de maneira ampla uma carreira brilhante pela coragem e pela qualidade, mas também peculiar nos deslocamentos geográficos (Moçambique, França, Brasil) e no entrelaçamento de experiências culturais, políticas, estéticas e pessoais.

Para o mal: comparado ao impressionante volume de informações no livro, o filme adquire caráter de leve (e afetuoso) sobrevoo executado por pessoas próximas –os diretores Diogo Oliveira e Bruno Laet foram roteiristas de "Quase Memória" (2015), que Ruy adaptou do "quase-romance" de Carlos Heitor Cony.

Ruy Guerra - Paixão Escancarada
Vavy Pacheco Borges
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Chico Buarque, o diretor alemão Werner Herzog e o escritor colombiano Gabriel García Márquez estão entre os que deixam um gostinho de "quero mais", ao aparecerem brevemente na tela em depoimentos que tratam de suas impressões sobre a obra de Ruy e sobre temas como as relações entre arte e política.

Até mesmo a presença relativamente pequena de Ruy provoca a sensação de "cadê você, eu vim aqui só pra te ver". É bem verdade que trechos de diversos filmes falam também pelo diretor; neste caso, aplica-se a ideia de cinema autoral em que se expressa, na obra, a visão de mundo (incluindo não só as certezas mas também as dúvidas) de quem a realiza.

O título vem de um poema escrito pelo diretor nos anos 1980, "Cuba, Cemitério de Cowboy: Carta Aberta a John 'Alamo' Wayne", em que se refere a um dos atores que mais admirava para, na verdade, ironizar Ronald Reagan, que "como presidente é um excelente cowboy".

E Donald Trump, Ruy?

Assista ao teaser de 'O Homem que Matou John Wayne'

Assista ao teaser de 'O Homem que Matou John Wayne'


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