Folha de S. Paulo


Toninho Horta lança songbook em show com ênfase no instrumental

Moto Uehara/Divulgação
Guitarrista mineiro Toninho Horta - Crédito: Moto Uehara/Divulgação ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
O guitarrista mineiro Toninho Horta

Aos 68 anos, o guitarrista mineiro Toninho Horta oferece agora ao público um resumo substancial de sua carreira. Uma trajetória de quem já dividiu palco e estúdios com Tom Jobim, Elis Regina, Wayne Shorter, Pat Metheny, Gil Evans, Keith Jarrett, Herbie Hancock e George Benson.

Apesar de cidadão do mundo, segue ligado às raízes mineiras. E basta olhar para sua discografia e ter certeza de que Toninho é mesmo a guitarra do Clube da Esquina: participou de sete discos de Milton Nascimento, quatro de Beto Guedes e três de Lô Borges.

Referências aos colegas de música não faltam em "108 Partituras", songbook de 330 páginas com melodias e cifras de suas composições, que ele lança com show nesta terça (15), no Bourbon Street.

Para instrumentistas interessados em tocar seu trabalho, ele reuniu também diagramas de acordes para violão e piano de 40 dessas músicas, que revelam muito do trabalho de harmonia na maneira de Toninho compor.

"Estava difícil encontrar um patrocinador, então resolvi editar independente. Bom, eu sou independente na música desde os anos 1970, né? Desde que eu descobri que o Frank Zappa era independente", diz o guitarrista à Folha.

Em edição bilíngue (português e inglês), o livro tem uma extensa narrativa da vida do músico, escrita pelo próprio Toninho, dividida em capítulos por décadas. Assim, além do suporte técnico para instrumentistas, o livro revela uma biografia detalhada.

"Quis explicar onde eu estava em cada época das gravações, quem tocava comigo e quais eram as minhas influências naquele período. Ficou meio uma autobiografia com as partituras."

O livro tem muitas fotos e vários depoimentos de gente que já trabalhou com o guitarrista. Chega a ser engraçada uma lista de 87 canções que outros compositores escreveram dedicadas a ele. Títulos como "Na Horta do Toninho", "Chovendo na Horta", "Samba pro Toninho" e "Bossa for Toninho".

"É, estou puxando sardinha para mim mesmo, mas foi uma forma de homenagear quem se inspirou na minha música", afirma, com riso meio constrangido.

O trabalho no songbook levou quatro anos. "Quando montei minha banda, Orquestra Fantasma, em 1981, sabia todas as músicas e tocava de cor, as partituras ficavam com os músicos. Tive de recorrer a eles para recuperar muita coisa."

Ele assume que era descuidado e chegou a perder um caderno "histórico". "Meu lado 'organizado' tem essa coisa de guardar tudo, mas, como viajo muito e sou o rei do papel espalhado, nunca sei onde está o que procuro."

Vencendo essa desorganização, há quase 30 anos Toninho trabalha no "Livrão da Música Brasileira". Uma reunião de 650 músicas que considera as mais significativas da história, mostrando cada uma em detalhes. Partituras, referências dos autores, numa pesquisa de 2.400 páginas. "Sou chato, mas acho que devo finalizar logo."

Depois de uma turnê nos EUA entre outubro e novembro, quando tocará com a big band da prestigiosa Berklee College e dará "masterclass" em Boston, ele pretende se dedicar ao "Livrão".

Quanto ao songbook, que custa R$ 150, o lançamento terá show de Toninho em formação de quinteto. "Vai ser mais música instrumental do que cantada. Acho que as que têm letra eu vou deixar para as pessoas cantarem."

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TONINHO HORTA QUINTETO
QUANDO ter. (15), às 21h30
ONDE Bourbon Street, r. dos Chanés, 127, tel. (11) 5095-6100
QUANTO R$ 70
CLASSIFICAÇÃO 18 anos


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