Folha de S. Paulo


Novo disco traz Paralamas do Sucesso 'sem partido'

Ricardo Borges/Folhapress
Rio de Janeiro, Rj, BRASIL. 02/08/2017; Foto da banda Paralamas do Sucesso no estúdio do grupo. ( Foto: Ricardo Borges/Folhapress)
João Barone, Herbert Viana e Bi Ribeiro, no estúdio onde os Paralamas gravaram seu novo álbum

Nos oito anos desde que os Paralamas do Sucesso lançaram seu último disco de estúdio ("Brasil Afora", 2009), o país teve uma Lava Jato, um impeachment, uma crise econômica sem precedentes e a decadência do Rio, cidade em que o trio vive.

Nada disso, no entanto, aparece nas letras do recém-lançado "Sinais do Sim", 13º álbum da banda formada por Herbert Vianna (vocais e guitarra), João Barone (bateria) e Bi Ribeiro (baixo).

A ausência de temas políticos e de crítica social é curiosa porque os Paralamas sempre foram engajados –de "Alagados" (1986) a "O Calibre" (2002), passando por "Luis Inácio (300 Picaretas)" (1995) e diversas outras.

"É sintomático, tem uma hora em que a gente fica com um certo bode de tudo isso. Nos últimos anos, essa dinâmica da política se provou um festival de insensatez, aí você joga a ideologia fora, fica decepcionado", diz Barone.

"Essa overdose de realidade dura em que estamos vivendo fez com que deixássemos de lado qualquer coisa mais panfletária", completa.

Autor das letras do grupo, Herbert diz que as atuais surgiram "naturalmente", num processo que levou mais em conta a maneira de cantar.

"Começo com uma imagem numa frase e, a partir daí, vou desenvolvendo um texto com certo ritmo das sílabas tônicas. Não é nada articulado, não decido escrever a respeito de um tema. Vai surgindo de modo intuitivo, vou achando rimas e imagens complementares", diz ele.

Com uma incessante agenda de shows, os Paralamas começaram a criar as novas canções entre a turnê do disco anterior e a que comemorou os 30 anos de carreira, que começou em 2013 e durou mais de dois anos.

"Nesse disco, o Herbert chegou com as letras da maioria das músicas e a gente pôs uma roupa nelas, viu para onde as letras levavam, musicalmente", conta Bi.

Segundo o baixista, as composições levaram a banda ao passado, a suas primeiras referências musicais.

"Acho que é o disco em que usamos mais influências dos nossos primeiros tempos, rock dos anos 70, Led Zeppelin, Jimi Hendrix, Eric Clapton. Nos outros não deixamos isso transparecer, estávamos ligados em coisas mais modernas, reggae e ritmos africanos", diz Bi.

Além das oito composições próprias, "Sinais do Sim" tem uma canção que o trio ganhou de Nando Reis ("Não Posso Mais") e duas versões: uma para "Medo do Medo", da rapper portuguesa Capicua (a única letra panfletária), e outra para "Cuando Pase el Temblor", o maior hit da banda argentina Soda Stereo.

"A gente tinha uma vibração muito forte com eles porque, quando começamos a ter alguma popularidade na Argentina, eles eram uma referência latina em termos de pop rock", diz Herbert.

A turnê do novo álbum começa em 30/9, em Curitiba. Em São Paulo, se apresentam em 7/10, no Espaço das Américas. O repertório deve ter ao menos cinco canções de "Sinais do Sim".


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