Folha de S. Paulo


ANÁLISE

Surpreende que o rap tenha passado o rock apenas em 2017

Matt Sayles - 25.jun.2017/Invision/Associated Press
Offset, Quavo and Takeoff formam o trio Migos, cuja música foi uma das mais tocada de 2017
Offset, Quavo and Takeoff formam o trio Migos, cuja música foi uma das mais tocadas de 2017

Que o rap/r&b tenha ultrapassado o rock como gênero mais popular nos Estados Unidos não chega a ser uma surpresa. O que surpreende é que isso tenha ocorrido apenas agora, no meio de 2017.

Porque, com raras exceções (como Radiohead), os nomes mais populares do rock atual, como U2, Metallica, Coldplay, Foo Fighters, deixaram há tempos de tentar novidades estéticas, de correr riscos –preferem reproduzir no presente o que deu certo no passado. Um exemplo são as incontáveis turnês feitas para "homenagear" discos clássicos.

Já há algum tempo é no rap e no r&b que encontramos artistas mais dispostos a olhar para o que é novo.

Como muita gente consome música hoje? Por meio de playlists em serviços de streaming. E o que faz um rapper como Drake? Lança "More Life", em que ele convoca vários cantores e produtores para criar uma seleção de 22
faixas. Não é um disco, é uma playlist –que teve 90 milhões de execuções em apenas um dia e em apenas uma plataforma, a Apple Music.

Em 12 anos, Kanye West lançou sete discos solo, um diferente do outro. Kendrick Lamar não se prende aos cânones do rap: busca inspiração no jazz e faz experimentações eletrônicas para dar sustentação a letras que refletem o cotidiano dos EUA.

O trio Migos criou uma expressão ("rain drop/drop top") como base para o refrão de "Bad and Boujee". O trecho acabou virando um meme e a faixa tornou-se uma das mais tocadas neste 2017.

A música como meme: a cara do século 21.

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