Folha de S. Paulo


ANÁLISE

Com álbum 'Appetite for Destruction', Guns N' Roses dominou o rock

L. Busacca/WireImage
A banda em show em Nova York em 1988, ano em que 'Appetite' foi ao topo das paradas norte-americanas
A banda em show em Nova York em 1988, ano em que 'Appetite' foi ao topo das paradas norte-americanas

O disco "Appetite for Destruction" completa 30 anos nesta sexta (21) e nos lembra não apenas de um Guns N' Roses que não existe mais, mas também de uma época da indústria que desapareceu.

Com 12 faixas, entre elas hits já clássicos como "Sweet Child O' Mine" e "Welcome to the Jungle", a estreia do Guns se tornou um dos discos mais vendidos da história –estima-se que pouco mais de 30 milhões de cópias.

O número impressiona, mas encobre um fato curioso. Se hoje tanto os artistas como as gravadoras apostam no impacto imediato, no mundo pré-internet era comum esticar esse investimento em um álbum.

Lançado em 21 de julho de 1987, "Appetite for Destruction" chegou ao primeiro lugar da parada norte-americana mais de um ano depois, apenas em agosto de 1988. Porque 1) A gravadora Geffen (hoje da Universal) colocou dinheiro em vídeos para serem exibidos na crescente MTV; 2) singles como "Paradise City" foram ganhando mais e mais minutos de execução nas rádios; e 3) a banda excursionou sem parar.

O que também ajudou a fazer o disco estourar: o Guns N' Roses era uma banda como nenhuma outra. Axl Rose (vocal), Slash e Izzy Stradlin (guitarras), Duff McKagan (baixo) e Steven Adler (bateria) tocavam em bandas pequenas e perambulavam pelo circuito de clubes de rock de Los Angeles atrás de drogas, bebidas e mulheres.

Juntos, formaram uma gangue de desajustados que parecia representar aqueles deixados de lado pela era Reagan (1981-1989), que tinha um olho em Wall Street e outro na guerra às drogas.

O Guns era uma banda identificada com o hard rock que saía da Califórnia, como o Mötley Crüe, mas com apelo global; as guitarras tinham contornos pop, como as do Bon Jovi, mas nada inocentes; as letras podiam entrar em território sombrio, como as do Metallica, mas nos lembravam que sempre havia uma festa no final da noite.

Mesmo com todos esses ingredientes, demorou para a banda ganhar reconhecimento crítico. No início, eram descritos como cópias inferiores de AC/DC e Van Halen. Em 1988, a principal lista de final de ano da imprensa dos EUA, a Pazz & Jop, feita pelo "Village Voice", colocava "Appetite for Destruction" apenas na 26ª posição. Há poucos dias, o site Pitchfork revisitou o álbum e cravou nota máxima: 10.

Os excessos (heroína, álcool) e o comportamento errático (atrasos, violência) colaboraram para que a banda se tornasse anacrônica no início dos anos 1990, em meio à popularização do hip-hop e da música eletrônica e ao surgimento de um certo Nirvana. Mas com "Appetite for Destruction" o Guns tomou conta do rock por alguns bons anos.

Veja comentário faixa a faixa.

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