Folha de S. Paulo


Documentário conta os 25 anos de história do Museu da Pessoa

Marcia Zoet/Divulgação
Fachada do Museu da Pessoa, na Vila Madalena, em São Paulo, onde testemunhos de famosos e anônimos são gravados
Fachada do Museu da Pessoa, na Vila Madalena, em São Paulo, onde testemunhos de famosos e anônimos são gravados

Para conhecer o Museu da Pessoa, não é preciso esperar na fila nem atravessar longos salões cheios de obras. Basta uma tela de computador ou de celular para acessar os quase 7.500 depoimentos disponíveis on-line. Afinal, trata-se de uma mostra virtual.

Embora seja tão amarrado à tecnologia, o museu não é novo: completou 25 anos no final de 2016, e sua história agora vai ser contada num documentário. Antes de alimentar um site, o acervo era armazenado em bancos de dados e CD-ROMs.

Como parte das comemorações de aniversário, começam neste segundo semestre as filmagens de "Pessoas", obra que pretende contar a trajetória do local e reunir histórias de brasileiros -famosos e anônimos- que fazem parte do acervo.

A instituição convidou quatro cineastas para pensar o longa: Marcelo Machado, Viviane Ferreira, João Jardim e Marco del Fiol. A ideia é que o documentário seja dividido em pequenas histórias -capítulos- vindas do acervo.

Os convidados vão poder criar a narrativa que quiserem; uma delas tratará especificamente do museu. A previsão é que o filme estreie no primeiro semestre de 2018, no canal Curta!, da TV paga.

As comemorações do quarto de século também incluem o lançamento de um livro e uma mostra no Sesc, prevista para setembro. Há ainda uma cabine instalada no Conjunto Nacional (av. Paulista, 2.073) até a sexta (14), das 11h às 19h, gravando depoimentos de quem quiser se tornar parte do acervo.

ORIGEM

A ideia do museu surgiu no fim da década de 1980 quando a historiadora Karen Worcman participava de um projeto em que entrevistava imigrantes, no Rio.

"Fui percebendo como a gente podia ter um conhecimento muito diferente da sociedade se ouvíssemos a história das pessoas. Vi que isso era um museu. Como sempre me interessei por base de dados, não queria erguer uma casa. Tinha que funcionar como uma rede", conta a fundadora.

Mas não é qualquer depoimento que entra no acervo. Quem deseja se tornar "peça de museu" é entrevistado por um dos colaboradores do local.

As gravações geralmente acontecem às quintas, na sede da instituição. Durante as conversas, os entrevistadores usam uma técnica própria, um formulário com questões que estimulam os participantes a lembrar detalhes de suas trajetórias.

Também se pede que o sabatinado leve fotos marcantes. As mais comuns são de casamentos ou retratos de família. Há mais de 70 mil imagens e documentos digitalizados.

A metodologia desenvolvida rendeu parcerias com empresas interessadas em explorar narrativas de suas áreas de atuação e de seus funcionários para fins promocionais. São projetos como esses que ajudam a pagar os custos da instituição.

O Museu da Pessoa pretende ter todo o seu acervo digitalizado em até três anos. Como surgiram antes da internet, cerca de 10 mil histórias ainda não podem ser acessadas on-line. Estão armazenadas em fitas e discos em uma sala.

Enquanto a digitalização não acontece, o acervo continua crescendo. O foco, então, é pensar a curadoria do material disponível, que pode ser feita tanto pelos funcionários do local quanto pelos internautas-visitantes.

"A internet virou um conjunto de ilhas, as pessoas se fecham em suas relações. A proposta do museu não ficou velha. Se faz cada vez mais necessária", conclui Worcman, sobre a contribuição que o museu pode dar a uma época de opiniões polarizadas e incompreensão do outro.

MUSEU DA PESSOA
ONDE museudapessoa.net; r. Natingui, 1.100, tel. (11) 2144-7150
QUANTO grátis


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