Folha de S. Paulo


'De Volta ao Lar' aproxima herói das telas e se distancia dos quadrinhos

"De Volta ao Lar". O subtítulo do novo filme protagonizado pelo Homem-Aranha é uma forma de passar um recado. "Esqueça os antecessores", é a mensagem. Esse é o primeiro longa protagonizado pelo personagem no universo cinematográfico Marvel.

Quando o primeiro "Homem-Aranha" estreou, em 2002, a febre dos heróis das HQs nas telas andava controlada, quase em banho-maria depois do fracasso retumbante de "Batman & Robin" (1997). Foi o sucesso do longa com o aracnídeo ao lado do primeiro "X-Men" (2000) que provocou a nova onda.

Até então, os cinco filmes já realizados sobre o personagem (três com Tobey Maguire e dois com Andrew Garfield) foram produzidos pela Sony. Este é o primeiro com o estúdio Marvel, que agora pertence à gigante Disney.

Aliás, é a segunda vez que a vinheta da Marvel na abertura do filme traz imagens dos heróis das telas, não das páginas dos quadrinhos (a primeira foi em "Doutor Fantástico"). Uma sutileza, mas que talvez já queira passar outro recado: a distância das HQs e a aproximação com os filmes.

E esse é um ponto da discórdia que talvez desagrade aos mais puristas. Aparentemente o novo Homem-Aranha nunca esteve tão distante do personagem criado por Stan Lee e Steve Ditko.

Antes de tudo, ponto para a Marvel na escalação de Tom Holland, com 21 anos, mas carinha de quem não vai sair da "high school" tão cedo. Maguire tinha 27 anos em "Homem-Aranha (2002) e Garfield estava com 29 em "O
Espetacular Homem Aranha" (2012).

Por outro lado, a simpática senhorinha tia May virou a tia gostosona que todo mundo quer pegar na pele da atriz Marisa Tomei. E o tio Ben? Esqueça dele.

Em nenhum universo paralelo da Marvel também se tem notícia de que o uniforme do herói aracnídeo foi uma cortesia de Tony Stark (Robert Downey Jr.), o Homem de Ferro. Essa aproximação dos personagens, que já contracenaram em "Capitão América: Guerra Civil", é uma novidade das telas.

Seu novo uniforme reserva várias semelhanças com o do Homem de Ferro, como a visão meio computadorizada e uma voz (no caso, feminina) que dialoga com ele, como o Jarvis de Tony Stark. Para completar, sua teia ganhou mais utilidades do que o cinto do Batman, tem a elétrica, a explosiva e a que ricocheteia, por exemplo.

Até o vilão Abutre (Michael Keaton, que já foi herói na DC Comics, em dois "Batman") tem novidades. Mas melhor não revelar o spoiler.

O interesse romântico, pelo menos, é uma volta às origens, com Liz (Laura Harrier).

Nas bilheterias americanas, o primeiro "Homem-Aranha" (2002) nunca foi superado, com US$ 403,7 milhões —ou US$ 614,2 milhões em valores ajustados. Aliás, o faturamento dos filmes seguintes sempre diminuiu. O último, "O Espetacular Homem-Aranha 2" (2014) arrecadou "apenas" US$ 202,9 milhões.

A partir desta quinta-feira (6) fãs do Brasil e do mundo (estreia simultaneamente em mais de 40 países) dirão se o banho de loja foi suficiente para recuperar um dos personagens mais queridos dos quadrinhos da Marvel.

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MUITO LONGE DOS GIBIS
As grandes mudanças

PETER PARKER
Mais jovem entre todas as versões do herói, o novo Peter Parker, 15, ainda nem chegou ao último ano da high school

TIA MAY
Nos gibis, era uma tiazinha frágil, com mais de 70 anos; no filme, está Marisa Tomei, 52, bem atraente. Parker a chama sempre de "'May", sem usar "tia"

DIVERSIDADE
Na turma da escola, a loirinha Liz do gibi vem na pele da atriz negra Laura Harrier. E Flash, o loiro fortão que inferniza Parker na HQ, no filme tem aparência de indiano

O AMIGÃO
Surge no novo filme Ned, um gordinho nerd interpretado com bom humor por Jacob Batalon

O UNIFORME
Feito de pano nas HQs, ganha a versão de alta tecnologia desenvolvida por Tony Stark. O próprio cientista é também uma novidade, atuando como tutor do herói aprendiz


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