Folha de S. Paulo


Com nova parceria, Festival de Teatro de Rio Preto busca recobrar fôlego

Piotr Lis/Divulgação
Bete Coelho em ensaio da peça
Bete Coelho em ensaio de "As Criadas", com direção do polonês Radoslaw Rychcik; peça estreia no FIT

Mostra que já foi referência no calendário teatral, o FIT - Festival Internacional de Teatro de Rio Preto tenta recuperar a força de outrora.

A 17ª edição do evento, que acontece de quinta (6) até 15 de julho em São José do Rio Preto, no interior paulista, marca a volta da parceria entre a prefeitura da cidade e o Sesc na realização do evento.

Derivado do Festival Nacional de Teatro Amador, o FIT ganhou projeção principalmente depois da entrada do Sesc, que passou a coproduzir a mostra e participar de sua curadoria em 2001.

Há três anos, por desacordos entre a prefeitura e a instituição em relação à produção do evento, a parceria foi desfeita. Mais enxuta, a mostra perdeu importância.

"Para nós, não fazia sentido simplesmente financiarmos ou só receber nas nossas unidades atividades das quais nós não tínhamos participado", diz o diretor regional do Sesc, Danilo Santos de Miranda. "Retornamos agora porque as condições anteriores [de participação da instituição na organização da mostra] voltaram a ser cumpridas."

A nova edição chega mais robusta, mas não tem o tamanho que chegou a ter na década de 2000. O orçamento está na casa do R$ 1,5 milhão (vindos da prefeitura e do Sesc). Em 2008, por exemplo, quando o FIT tinha patrocinadores como a Petrobras, chegou a R$ 2,4 milhões.

Também houve menos tempo para produção do festival, afirma o secretário municipal de Cultura, Pedro Ganga, que retornou ao cargo em janeiro passado (ele já fora secretário entre 2001 e 2008). "Ele foi produzido em dois meses e meio, praticamente. Antes, era feito em sete."

Silvana Marques/Divulgação
Peça
Peça "Suassuna - O Auto do Reino do Sol", do grupo Barca dos Corações Partido, que abre o FIT

Ao todo, são 23 peças na mostra, que será aberta com uma sessão de "Suassuna - O Auto do Reino do Sol", homenagem do grupo Barca dos Corações Partidos ao escritor.

Das quatro montagens internacionais, há uma coprodução entre Brasil e Polônia que estreia no FIT na sexta (7). "As Criadas" é uma versão do diretor polonês Radoslaw Rychcik para a peça do francês Jean Genet. No elenco, as brasileiras Bete Coelho, Denise Assunção e Magali Biff.

Na adaptação, o encenador inverte os papéis. Madame, a patroa que explora duas criadas, é interpretada por Denise, que é negra. "Assim, podemos observar melhor o discurso do dominador e do dominado e como ele se reflete na plateia", diz Rychcik.

Pupilo do diretor Krystian Lupa, um dos principais nomes do teatro polonês, Rychcik já trouxe sua linguagem experimental ao Brasil. No ano passado, encenou por aqui uma montagem de "Na Solidão dos Campos de Algodão", de Bernard-Marie Koltés. Mas é a primeira vez que dirige um elenco brasileiro.

Como em seus trabalhos anteriores, Rychcik repete a parceria com o grupo Natural Born Chillers na criação da trilha sonora, com suas batidas eletrônicas. Ao fundo do espaço cênico, vídeos ampliam as expressões das três atrizes. Depois do FIT, "As Criadas" terá sessões no Sesc Santana, em São Paulo.

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FIT RIO PRETO

QUANDO 6 a 17/7
ONDE São José do Rio Preto (SP)
PROGRAMAÇÃO fitriopreto.com.br

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AS CRIADAS

QUANDO sex. (7) a dom. (9), às 19h (Rio Preto); e de 14/7 a 13/8, sex. e sáb., às 21h, dom., às 18h (Sesc Santana)
ONDE Sesc Rio Preto, av. Francisco das Chagas Oliveira, 1.333, tel. (17) 3216-9300; Sesc Santana, av. Av. Luiz Dumont Villares, 579, tel. (11) 2971-8700
QUANTO R$ 9 a R$ 30; 16 anos


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