Folha de S. Paulo


Após atentado em Manchester, Ariana Grande faz show no Brasil

Ariana Grande, 24 anos e pouco mais de 1,5 m de altura, surge diante das 50 mil pessoas que lotaram o estádio Old Trafford, em Manchester, no dia 4 de junho. A cantora prepara o público, divertindo-se com o que faria a seguir.

Munida de seu característico rabo de cavalo, a americana então canta "Side to Side", single que ficou por 14 semanas no top 10 da "Billboard" e alavancou seu terceiro álbum, "Dangerous Woman", que ela traz para shows no Rio de Janeiro, nesta quinta (29), e em São Paulo, no sábado (1º).

A canção é um pop movido a reggae, com uma letra sobre se sentir assada depois de transar a noite inteira. Essa foi a resposta de Ariana Grande ao atentado terrorista que matou 22 pessoas e deixou centenas de feridos na saída de seu show na mesma cidade, duas semanas antes.

A cantora explica: a mãe de uma das vítimas, Olivia, a havia pedido para que não deixasse de cantar seus hits.

Assista ao videoclipe de "Side to Side"

Assista ao videoclipe de "Side to Side"

A performance em questão veio logo após o dueto com sua amiga Miley Cyrus em "Don't Dream It's Over". Miley dedicava a ela um tratamento quase maternal, como uma espécie de irmã mais velha. As duas cresceram como estrelas de TV e Ariana parece ter se espelhado na amiga para encontrar a própria identidade.

Enquanto Miley já se despedia de Hannah Montana e preparava a ruptura de sua imagem como boa moça do Disney Channel, Ariana ainda engatinhava como a ingênua Cat Valentine em "Victorious" e no subsequente derivado "Sam & Cat", responsável pela maior audiência da Nickelodeon, de 2010 a 2014.

"Eu estava nos bastidores do show de Ariana Grande e disse: 'Saia do camarim comigo e deixe que tirem nossa foto, isso será a melhor coisa que acontecerá com você, porque estar associada a mim a tornará menos docinha'", lembrou Miley Cyrus ao jornal "The New York Times", em 2014.

Ariana já tentava se desvencilhar do papel desde que se arrependeu de lançar "Put Your Hearts Up", em 2011. "Era voltado a crianças e pareceu tão inautêntico e falso", disse a cantora à "Rolling Stone" americana em 2014.

A crítica especializada, porém, escolheu outra artista para compará-la. Quando Ariana debutou com "Yours Truly", de 2013, uma espécie de tributo às suas influências noventistas, ganhou prontamente o título de nova Mariah Carey.

A aposta de que ela tinha raízes latino-americanas, inicialmente gerada por seu tom de pele e sua origem em Boca Raton, na Flórida, ganhava força conforme ela firmava parcerias com artistas como Nicki Minaj, Major Lazer e J Balvin, vozes do reggaeton. Em diversas ocasiões, a cantora precisou esclarecer que vem de uma família de ascendência italiana que deixou Nova York para morar na Flórida.

Ouça o álbum "Dangerous Woman"

Ouça no deezer

Ao lançar seu segundo álbum, "My Everything", a garota frequentou as rádios com o hit "Problem" e, como todo artista pop bem-sucedido de sua geração, aprendeu a dominar sua presença digital: tornou-se um dos assuntos mais comentados no Twitter e passou a reunir uma legião de fãs no Instagram –hoje é a segunda mais seguida na rede social, com 110 milhões.

O single com a australiana Iggy Azalea vendeu mais de 438 mil cópias na semana do lançamento, atingiu o topo do ranking do iTunes em 37 minutos, chegando à liderança em 50 países e abrindo portas para a primeira turnê mundial.

Foi somente em 2015 que veio ao Brasil pela primeira vez, onde se apresentou para cerca de 22 mil fãs. Após dois anos, ela volta com uma honesta tentativa de equalizar a potente voz com a imagem que quer desempenhar.

ARIANA GRANDE - TURNÊ DANGEROUS WOMAN
QUANDO qui. (29), 21h, no Rio, e sáb. (1º), 20h, em São Paulo
ONDE Jeunesse Arena (RJ) e Allianz Parque (SP)
QUANTO R$ 110 a R$ 560, em livepass.com.br


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