Folha de S. Paulo


CRÍTICA

Com Anne Hathaway e monstro, 'Colossal' fica em plano superficial

Chris Helcermanas-Benge/Divulgação
Anne Hathaway como Gloria, protagonista de 'Colossal
Anne Hathaway como Gloria, protagonista de 'Colossal'

COLOSSAL (regular)
DIREÇÃO Nacho Vigalondo
ELENCO Anne Hathaway, Jason Sudeikis, Austin Stowell
PRODUÇÃO EUA/Canadá/Espanha/Coreia do Sul, 2016, 12 anos
Veja salas e horários de exibição

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Anne Hathaway é uma atriz capaz de brilhar tanto em blockbusters como "Interestelar" (2014) ou "Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge" (2012), ambos de Christopher Nolan, quanto num filme indie como "O Casamento de Raquel" (2008), de Jonathan Demme.

Já comparada a Audrey Hepburn, a bela atriz de traços delicados sabe se moldar de acordo com a exigência de cada trama. Pode ser a agente 99, hábil companheira de Maxwell Smart em "Agente 86", como também a estagiária indefesa de uma megera poderosa do mundo da moda em "O Diabo Veste Prada".

Em "Colossal", dirigido pelo espanhol Nacho Vigalondo, experimenta um registro um tanto inusitado. É filme de monstro, mais ou menos como "Godzilla", mas se afasta em tudo do formato blockbuster, enquadrando-se melhor no tipo de filme indie, padrão Sundance, que têm sido produzido aos montes.

Ela é Gloria, mulher com mais de trinta anos, desempregada e festeira que, expulsa do apartamento do namorado, em Nova York, vê-se obrigada a voltar a sua pacata cidade natal, o que para ela é uma derrota.

Lá, reencontra Oscar (Jason Sudeikis), um antigo amigo de colégio, agora proprietário de um bar. Ele a ajuda a se estabelecer no novo velho lar, emprestando móveis e a empregando no bar.

Após o expediente, eles costumam passar a madrugada bebendo com dois amigos de Oscar. Numa manhã, na volta para casa, Gloria descobre que tem tudo a ver com um monstro gigante que aparece em Seul, na Coreia do Sul. A partir daí, deve aprender a lidar com seus impulsos.

"Colossal" fala sobretudo de responsabilidade. É o que falta a Gloria, e é o que ela terá de desenvolver dentro de si para evitar grandes tragédias no outro lado do mundo. No fundo, ela deve se tornar finalmente adulta.

A premissa é interessante, embora um pouco infantil. E a infantilidade da ideia, com o passar do tempo, vai se reafirmando, até tornar-se onipresente.

Ou seja, uma ideia que poderia ter um desenvolvimento mais interessante e até filosófico fica só no plano mais superficial possível, o da lição de moral. É o que pode esse novo cinema independente americano.

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