CAFÉ, UM DEDO DE PROSA (bom) 
DIREÇÃO: Maurício Squarisi
ELENCO Vera Holtz, Wandi Doratiotto
PRODUÇÃO: Brasil, 2014, 10 anos
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Bebida mais consumida do mundo depois da água, o café tem ampla gama de implicações e significações no Brasil, o maior produtor e exportador mundial do grão. "Café, um Dedo de Prosa", animação de Maurício Squarisi -que trabalha com a técnica desde 1979- fala do café desde as origens, na Etiópia, no século 6, destacando sua chegada ao Brasil, em 1727, e a importância que teve e continua tendo.
Squarisi começou a trabalhar no filme em 2009, quando leu o livro a "História do Café", da historiadora Ana Luiza Martins, que mais tarde se tornaria consultora do projeto cinematográfico. A realização do filme foi atribulada e durou cerca de cinco anos.
A história da bebida é contada de maneira original por dois amigos -a atriz Vera Holtz e o ator e músico Wandi Doratiotto- que conversam enquanto tomam café, afinal, esse hábito define formas e espaços de sociabilidade em todo o mundo.
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| Cena da animação brasileira 'Café, um Dedo de Prosa', dirigida por Maurício Squarisi |
A conversa -cujo texto é de autoria do diretor- flui com vivacidade graças ao tom coloquial, com constantes manifestações de humor e ironia. O papo é ilustrado fielmente pelas imagens. Feitos sobre papel por Squarisi e depois digitalizados e colorizados por computador, os desenhos são simples e lúdicos.
Outro recurso que contribui para a expressividade do conjunto, ajudando a dar ritmo à narrativa, são as canções que entremeiam a conversa, escritas e interpretadas por Doratiotto e Danilo Moraes.
HISTÓRICO
Além da produção, descrevendo o percurso do café da planta à xícara, o filme aborda suas articulações com a política e a economia -da colônia à República.
A escravidão, que teve papel fundamental no cultivo do café e em sua expansão pelo país, é objeto de bastante atenção. A imigração e o desenvolvimento das ferrovias no interior paulista também recebem um tratamento especial.
O café também é relacionado à cultura brasileira. São citadas figuras como Carlos Gomes, Castro Alves, Tarsila do Amaral, Monteiro Lobato, Oswald de Andrade, Portinari, Mario de Andrade, Flavio de Carvalho, Carlos Drummond de Andrade, Cassiano Ricardo, Cora Coralina, Adoniran Barbosa, além de movimentos culturais como a Semana de Arte Moderna de 1922 e a antropofagia.
Didática, recheada de informações e de reflexões críticas, a animação alia profundidade, leveza e criatividade. Por isso se dirige a um público amplo, de todas as idades e níveis de formação.