Folha de S. Paulo


Melodia é crucial para o sucesso global, diz Claudia Leitte

Em dezembro de 2015, Claudia Leitte lançava a canção em espanhol "Corazón", em que dividia o microfone com o porto-riquenho Daddy Yankee (do hit "Gasolina"), o mesmo que canta "Despacito" com Luis Fonsi.

Começava ali, de fato, o início da carreira internacional da cantora fluminense, agenciada fora do país por Jay Brown e sua Roc Nation, empresa que cuida de Rihanna, Shakira e Kanye West, entre outros.

Desde então criou-se uma expectativa pelo álbum internacional de Claudia, que tenta trilhar esse caminho fora do Brasil antes mesmo de Anitta.

As duas, aliás, se encontraram recentemente em Los Angeles e postaram fotos nas redes sociais. "Falamos de música, das coisas no Brasil e muitas besteiras", diz Claudia, por telefone, à Folha.

Sobre o trabalho nos Estados Unidos –ela mora em Los Angeles há três anos–, a cantora afirma estar "ralando muito". "Está sendo uma experiência incrível e que está me dando um disco mais livre, mais bonito. Chego a ficar emocionada, tá tão lindo", fala.

Leia trechos da conversa:

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Por que tentar uma carreira internacional?
Porque vi que tinha uma grande oportunidade. Não é por que sou Claudia Leitte aqui que vai dar certo. Me senti muito tentada, não gosto da zona de conforto. Tá tudo bem, tá tudo certo aqui, mas alguma coisa dentro de mim sempre me levou pra isso. A gente só diz que não dá mais quando a gente morre.

Como está sua carreira internacional? Seu disco vai sair?
Existe uma cobrança por parte da imprensa e até dos fãs pelo fato de eu estar fazendo um trabalho lá fora. Mas, pra mim, é como um bebê, tem suas etapas. Minha carreira no Brasil não começou da noite pro dia. Estou passando por esse processo de maturação. Lá não importa quem eu sou aqui. Não posso saltar de uma fila porque sou Claudia Leitte no Brasil. Esse tempo lá fora me fez ser uma pessoa paciente.
Só vou lançar algo de fato quando tiver certeza que encontrei meu som. Meu objetivo é continuar crescendo. Não existe tempo certo, nem música certa. As coisas acontecem. A gente viu o sucesso de "Despacito". Isso também aconteceu com "Ai, Se Eu Te Pego",que tinha um ritmo frenético, cantada em português e rodou o mundo. Tudo é o tempo certo.

Por que acha que "Despacito" faz esse sucesso todo?
Música é melodia. A harmonia, a letra, a bateria você constrói em cima da melodia.
O que hoje a galera faz na industria da musica pop é dar uma "loopada" em melodia. Sempre tem um background, um tchururu debaixo da música. "Despacito" tem melodia que fica na cabeça. Lembra do "Gangnam Style"? não precisa saber a letra, fica com aquela melodia.

O seu disco vai ser em inglês?
Tem música em inglês e espanhol e em português. Hoje tem uma onda de lançar single a single, o mercado tá assim. Eu tenho essa coisa tradicional de lançar álbuns.
Mas estamos vendo. Tem músicas que nasceram ha dois anos e que não tem a linguagem de hoje. Essa semana encontrei produtor de Bruno Mars e ele me falou que eu tava certa de fazer o disco com tempo, disse que o Bruno Mars levava dois anos. E eu disse que eu era brasileira, que não precisava demorar tanto. E ele disse: "por quê? Você é uma artista". Aí parei de me pressionar. O disco vai vir quando estiver pronto.

Gosta mais de cantar em inglês ou espanhol?
Gosto de cantar, não importa a língua.

Acha que as músicas vão agradar seus fãs daqui e conquistar público lá fora?
Quanto a isso não há esforço grande a ser feito. Hoje com essa globalização, todo mundo escuta tudo. As rádios nos EUA estão tocando música latina. Pela primeira vez uma música latina ["Despacito"] tá em primeiro lugar nos EUA. Por isso o Justin [Bieber] fez a versão.


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