Folha de S. Paulo


Aos 81, Eleanor Coppola estreia como diretora de ficção em um road movie

Divulgação
Os atores Diane Lane e Arnaud Viard interpretarm Anne e Jacques em cena do longa rodado na França; Alec Baldwin vive o marido da personagem
Os atores Diane Lane e Arnaud Viard interpretarm Anne e Jacques em 'Paris Pode Esperar'

Mulher de Francis Ford Coppola. Mãe de Sofia e Roman. Tia de Nicolas Cage e Jason Schwartzman. Matriarca de uma família mergulhada até o pescoço no cinema, chega a ser difícil entender as razões de Eleanor Coppola estrear só aos 81 anos como diretora de um longa de ficção.

Mas o drama "Paris Pode Esperar", que entra em cartaz no Brasil nesta quinta-feira (8), poderia ter visto antes a luz do dia.

A ideia de um road movie romântico pela França surgiu após a experiência da diretora/roteirista no Festival de Cannes de 2009. Seu marido precisava fazer uma viagem para Budapeste logo após o evento, mas ela não queria pegar um avião por causa de uma infecção no ouvido.

Francis embarcou, e Eleanor topou a oferta de um produtor francês, amigo da família: ir de carro da Croisette para Paris. "A viagem, que deveria durar oito horas, terminou levando dois dias", lembra ela em entrevista à Folha. "Esse cavalheiro queria parar o tempo todo para me mostrar paisagens e comer em restaurantes bons."

A cineasta decidiu transformar a experiência em um longa, inspiração tirada da própria filha. "Em 'Encontros e Desencontros', Sofia pegou a experiência pessoal de viajar o tempo todo para Tóquio por causa de sua produtora e das suas madrugadas sozinhas no hotel. Foi a luz que acendeu na minha cabeça", confessa Eleanor. "Notei que não precisava ir atrás de um livro ou criar algo falso."

Em "Paris Pode Esperar", Diane Lane assume o papel de uma mulher nos seus cinquenta anos que deixa o marido cineasta (Alec Baldwin) seguir viagem e parte de carro com um francês "bon vivant" (Arnaud Viard) em uma excursão involuntária por comidas fantásticas e vinhos caríssimos da França.

"Não saberia dizer o quanto é verdade e o quanto é invenção", desconversa a diretora, meio sem jeito para falar sobre uma jornada que revela um relacionamento extraconjugal com o companheiro de viagem, pelo menos na ficção. "Francis não leu o roteiro até quase terminá-lo. Mas ele conhece a pessoa e sabe que somos apenas amigos. Não acho que tenha ficado enciumado ou pensado algo diferente dessa viagem."

Assista ao trailer de 'Paris Pode Esperar'

Trailer de 'Paris Pode Esperar'

CASAMENTO

Eleanor conheceu o marido nas filmagens de "Demência 13", em 1962, trabalhando como diretora de arte. Se casaram um ano depois e ela sempre esteve presente nos sets do marido.

No mais complicado deles, capturou imagens de bastidores de "Apocalypse Now", cenas que viraram o premiado documentário "Francis Ford Coppola - O Apocalipse de Um Cineasta" (1991).

A princípio, Francis não quis que a mulher dirigisse "Paris Pode Esperar". "Ele não queria que eu me decepcionasse caso não conseguisse financiamento", explica Eleanor. De certa forma, o temor era compreensível. "Meu filme não tem explosões e batidas de carros em alta velocidade, então foi bem difícil conseguir o dinheiro", recorda-se ela, que só pediu ajuda para o marido no estágio final de captação de recursos. "Ele foi decisivo."

Ainda mais porque Nicolas Cage, que topou o projeto da tia, se afastou três meses antes das filmagens por causa de outro filme. "Fiquei desesperada, liguei para todo mundo que conhecia. Não consegui, porque é um filme sobre personagens com 50 anos, e não do americano mais velho que conquista a mocinha francesa", alfineta a diretora, que conseguiu Alec Baldwin por sorte.

"Alec ligou para Francis pedindo para ele participar de um evento beneficente. Francis não podia ir, mas perguntou: "Você poderia me fazer um favor?'", diverte-se Eleanor. "Foi perfeito, porque Alec tem o carisma para segurar o filme apenas com sua voz."

"Paris Pode Esperar"
Veja salas e horários de exibição.


Endereço da página:

Links no texto: