Folha de S. Paulo


Alberto Mussa constrói romance policial carioca regado a capoeira

Ricardo Borges/Folhapress
rio de Janeiro, RJ,BRASIL, 03/05/2016; Retrato do escritor carioca Alberto Mussa, que está lançando seus Contos Completos. (Foto: Ricardo Borges/Folhapress. ) *** EXCLUSIVO FOLHA***
Alberto Mussa em seu apartamento no bairro do Leblon, no Rio

Rio de Janeiro, 1854. Após fazer sexo com seu amante na chácara de seu pai, uma mulher é assassinada. O designado para investigar o caso é membro do serviço secreto da polícia da Corte e grande capoeirista. Ele é também o amante da vítima.

Eis, em linhas gerais, a trama de "A Hipótese Humana", que o carioca Alberto Mussa, 56, um dos autores escalados para a 15ª Festa Literária Internacional de Paraty (de 26 a 30 de julho), lança agora pela Record.

Com a ajuda de um narrador onisciente e conversador, Mussa volta a colocar seu leitor dentro da investigação de um crime nada simples.

O livro é o quarto romance do "Compêndio Mítico do Rio de Janeiro", série de cinco obras com a qual o autor pretende fazer um "estudo amplo da cidade". Para tanto, o gênero escolhido é o policial.

"A escolha do gênero literário foi mais em função do meu modo de escrever. Eu planejo muito, eu faço esquema de como as coisas vão acontecer, é um gênero muito adequado para o meu processo de criação", diz Mussa em entrevista à Folha.

Para cada crime narrado e investigado, um século. Em "A Primeira História do Mundo", por exemplo, terceiro livro da série, e que se passa em 1567, um homem é encontrado crivado por sete flechas.

Na nova obra, a capoeira tem destaque. Segundo Mussa, quando começou a fazer as pesquisas sobre o século 19, percebeu que a luta era muito disseminada e importante no Rio de então. "Não podia perder a oportunidade de retratar essa parte pouco conhecida da história."

Para além da série policial, ele diz ter vontade de escrever um romance de aventura no período dos bandeirantes paulistas. "Eu acho uma das coisas mais fascinantes da história do Brasil: enquanto os americanos têm o faroeste, a gente não tem o gênero dos bandeirantes."

Falta ao compêndio, no entanto, o século 18. Mas antes, ele escreve o que diz ser "um desafio pessoal", que surgiu quando pensou em falar sobre o jogo do bicho.

O desafio está em ser uma ficção baseada em sua adolescência. A história se passa numa escola de samba no Andaraí, bairro da zona norte do Rio onde foi morar, com seu "primeiro grande amor", depois de brigar com o pai.

Os livros de Mussa muito têm sobre a sexualidade feminina. Para ele, a discussão é importante porque "as mitologias do mundo todo são muito enfáticas na mensagem de que a sexualidade da mulher é uma ameaça à ordem".

Os mais diversos, e violentos, frutos do adultério, segundo ele, dão-se porque "quando um homem percebe que pode ser superado por outro, entra em desespero".

Ele conta fazer coleção de histórias de adultério, assim como de romances ambientados no Rio, e os de tema indígena e sobre a escravidão.

O sexo, "pivô de diversos conflitos", faz parte de uma discussão da condição geral humana, que é a grande motivação do autor. "Não é o processo histórico que me interessa, são os temas da natureza da humanidade."

Apesar de seu interesse na história do país, Mussa diz que muita teoria pode atravancar a leitura. "Por mais que ele seja sofisticado, a função do livro é o entretenimento. Você pega um livro para ter prazer."

A Hipótese Humana
Alberto Mussa
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"A HIPÓTESE HUMANA"
AUTOR Alberto Mussa
EDITORA Record
QUANTO R$ 34,90 (176 págs.)
LANÇAMENTO qua. (7), a partir das 19h, na livraria da Travessa do Leblon, av. Afrânio de Melo Franco, 290, tel. (21) 3138-9600


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