Folha de S. Paulo


'Velozes e Furiosos 8' é 30º filme a arrecadar US$ 1 bilhão

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Receita do sucesso: 'Velozes e Furiosos 8', o trigésimo bilionário, tem orçamento inflado e show de efeitos visuais
Receita do sucesso: 'Velozes e Furiosos 8', o trigésimo bilionário, tem orçamento inflado e show de efeitos visuais

"Velozes e Furiosos 8", que estreou oito semanas atrás, é o 30º filme da história a faturar mais de US$ 1 bilhão em bilheteria mundial.

Hollywood avalia o sucesso de uma produção pelo valor arrecadado, e não pela quantidade de pessoas que a assistiu, ignorando variações no preço da entrada ao longo do tempo e a inflação.

Essa matemática ajudou a consolidar a última década como uma fábrica de blockbusters, apesar do crescimento e consolidação do streaming e conteúdo "on demand": dos 30 filmes bilionários, 27 são do século 21.

O primeiro a bater a marca do bilhão foi "Jurassic Park", em 1993. Fez US$ 1,03 bilhão, o que, em valores atuais, equivaleria a US$ 1,74 bilhão, cifra superior à de "A Bela e a Fera", maior sucesso de 2017 até agora.

O filme de Spielberg reinou solitário até "Titanic" (1997). Em 1999, "Star Wars - Episódio I: A Ameaça Fantasma" completou o trio líder entre os bilionários. Todos os demais são de 2003 para cá.

Nos anos 1990, o ingresso nos EUA custava, em média, 6 dólares (R$19, no câmbio atual). Agora, custa cerca de U$10 (R$33); a inflação dilatou o montante final, mas o 3D foi ainda mais preponderante para isso.

Para ver um filme 3D, paga-se nos EUA cerca de U$15, quase o triplo do valor na época de "Titanic". "Avatar" (2009), marco do cinema produzido em 3D, ainda é líder entre os mais rentáveis.

Hoje, marcar US$ 1 bilhão é digno de destaque, mas não é mais fenomenal. Ao longo de 2017, outros dez filmes têm potencial bilionário, começando por "Guardiões da Galáxia Vol. 2", ainda em cartaz e com U$740 milhões (R$2,4 bi) já acumulados.

RECEITA

A disputa acirrada revela que os estúdios têm pleno domínio da receita do sucesso.

"Notamos um esforço dos produtores de 'Velozes e Furiosos 8' para incluir nomes de destaque no elenco, como Charlize Teron e Helen Mirren, além de locações em Cuba, Londres e Nova Iorque, nunca vistas na série", diz Marcos Oliveira, diretor geral da Universal Pictures, distribuidora do filme no Brasil.

"Não é fácil manter o interesse após várias sequências, mas, por outro lado, o público já sabe que irá encontrar a diversão que procura", completa, justificando a popularidade das franquias.

Efeitos especiais também viraram pré-requisito para atrair público e são os principais responsáveis pela diferença entre o orçamento do primeiro "Velozes", de US$ 38 milhões (R$ 125 milhões), e do último, que custou 250 milhões (R$ 825 milhões).

Considere-se ainda que o investimento em marketing –crucial e guardado a sete chaves pelos estúdios– pesa significativamente no orçamento de um blockbuster.

"A chave não é o montante investido, mas a qualidade das campanhas", diz Oliveira, sem comentar valores.

"A partir da definição global de elementos principais, cada país define sua maneira de ir aproximando o filme do seu público-alvo", diz. Nesse estágio há a possibilidade de alterar o título, a data de estreia e até a edição do trailer.

No caso de filmes menores, pesam mais "as críticas, a participação em festivais e eventuais premiações", diz Oliveira, citando como exemplos da Universal os longas "Capitão Fantástico" e "Julieta", ambos de 2016.

LONGE DO BILHÃO

Há algo que os longas bilionários dos anos 2000 não aprenderão com "Tubarão" (1975), tido como primeiro blockbuster: multiplicar o valor investido.

O longa de Steven Spielberg custou US$7 milhões (R$23 milhões) e fez US$ 470 milhões (R$1,5 bilhão), 67 vezes seu investimento e, em valores corrigidos, U$ 2,1 bilhões (R$6,9 bilhões).

"Star Wars: o Despertar da Força" foi lançado em 2015 e faturou US$ 2,068 bilhões de dólares. Custou US$245 milhões, rendendo 8,5 vezes o valor investido.

"La La Land" (2016), produção de US$30 milhões fez US$443,2 milhões, 14,7 vezes seu custo. O musical de Damien Chazelle estreou no Brasil estrategicamente após se sagrar recordista de indicações ao Oscar (14) e foi visto por 1,37 milhão de pessoas; como nos EUA, não teve aqui grande campanha publicitária, mantendo o orçamento enxuto.

A Paris Filmes, que o lançou no Brasil, costuma investir em redes sociais e ações que rendam mídia espontânea, além de reconhecer a força do boca a boca.

"O público de blockbuster quer entretenimento puro; já quem gosta de filmes menores busca identificação com a história. O que leva essas pessoas ao cinema é a indicação de alguém", diz Gabriel Gurman, diretor de marketing da Paris.

A comédia "Se Beber Não Case" (2009) é outro bom exemplo; rendeu 13 vezes o seu investimento e garantiu duas continuações bastante bem-sucedidas.

Mesmo sem chegar ao bilhão, esses filmes baratos e rentáveis, como "Forrest Gump" (1995), "O Sexto Sentido" (1999) e "O Rei Leão" (1994), são os verdadeiros reis das bilheterias.

OS 30 BILIONÁRIOS - Por ano de produção

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