Folha de S. Paulo


Músicos da big band Satellite Musique se espremem em tablado da Virada

A banda Satellite Musique se apresentou na noite deste sábado (20) no tablado Refugiados e Imigrantes, da Virada Cultural, na região central de São Paulo.

Os 12 integrantes da big band haitiana precisaram se apertar no tablado para tocar. O show começou com atraso de mais de 30 minutos, com um público de pouco mais de 150 pessoas.

A principal causa para a demora se deu por causa da passagem de som. A apresentação ficou comprometida com a qualidade ruim dos equipamentos de som. Além de microfonia e de ruídos constantes, era possível ouvir a apresentação de bandas em palcos vizinhos. As caixas de som por vezes "estouravam" quando exigidas.

Com bastante uso de percussão em suas músicas, a banda toca o compás (cuja pronúncia é Kompá), estilo dançante típico do Haiti que, mesmo com os problemas técnicos, fez o público dançar.

A banda Satellite Musique é formada por músicos haitianos que vieram para o Brasil na leva migratória iniciada em 2010, após o forte terremoto que devastou a ilha caribenha.

Os primeiros grupos chegaram em junho daquele ano pela tríplice fronteira com o Peru e a Bolívia. Logo, a cidade de Brasileia, no Acre, foi tomada por imigrantes em busca de uma vida melhor.

A grande maioria tinha como desejo ir para São Paulo, onde acreditavam ter as melhores oportunidades para se conseguir emprego. Louides Charles, 39, é o fundador do Satélite Musique. Ele próprio chegou ao Brasil pela fronteira do Acre.

Maestro e tecladista, diz que os primeiros ensaios começaram em 2013 ao conhecer outros haitianos músicos em São Paulo. Os shows se iniciaram em 2014. A banda ainda não gravou álbuns e toca música própria.

"Essa é uma excelente oportunidade para ganharmos visibilidade", afirma Charles Obras, 29, baterista, sobre a apresentação na Virada.


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