Um Casamento (muito bom)
DIREÇÃO: Mônica Simões
PRODUÇÃO: Brasil, 2016, livre
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O documentário "Um Casamento" é como uma escultura do Mestre Didi (1917-2013), baiano como a principal figura do filme, Maria Moniz. Ambos podem ser vistos por vários ângulos, e todos são surpreendentes.
A partir da descoberta da filmagem do casamento dos seus pais, em 1954, a diretora Mônica Simões decidiu contar a história da união do casal, formado pelo professor Ruy Simões e por Maria Moniz, que mais tarde se tornaria atriz.
Além das imagens da época, a cineasta se baseia nas lembranças da mãe, uma mulher de 82 anos. O prólogo pode insinuar um filme delimitado pelas convenções românticas de uma sociedade conservadora, mas bastam alguns minutos, contudo, para que percebamos que nada é o que parece ser.
Os caminhos tomados por Maria não se acomodavam ao seu tempo. Nesse sentido, "Um Casamento" é uma obra profundamente feminista.
A trajetória da atriz, que se destacou no cinema e no teatro da Bahia a partir dos anos 1960, resulta instigante por si só, o que não impede que outras camadas do filme se revelem. O documentário também trata da íntima ligação entre as mulheres da família e a imagem.
A mãe, Maria Moniz, lembra a juventude ora com discreto prazer, ora com angústia. A nostalgia fica de lado. Já a sua filha, a diretora Mônica Simões, tem saudade de um tempo que não viveu.
Aliás, a presença da cineasta diante das câmeras nos leva a um outro aspecto. "Um Casamento" expõe seus métodos de produção com uma coragem incomum.
Acompanhamos Mônica Simões orientando sua mãe em frases como "O mais importante vai ser sua espontaneidade". O quanto há de artifício no documentário? A cineasta não oferece respostas, mas joga com esses limites do início ao fim.