Folha de S. Paulo


Crítica

'Um Homem de Família' reafirma crenças por papéis de gêneros

Divulgação
Cena de 'Um Homem de Família
Cena de 'Um Homem de Família' de Mark Williams

UM HOMEM DE FAMÍLIA (regular)
DIREÇÃO: Mark Williams
PRODUÇÃO: Canadá/EUA, 2016
CLASSIFICAÇÃO: 12 anos

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Papai trabalha muito, por isso quase não dá atenção à família. Mamãe recusou a independência e a realização profissional para se dedicar aos filhos. Mas filhinho começa a se comportar de modo estranho e descobre que tem uma doença que pode matá-lo.

O resumo basta para saber o que esperar de "Um Homem de Família". Esse tipo de filme exige uma adesão sem questionamentos.

Essas histórias cumprem a função de reproduzir a ordem e valores de estabilidade, definir papéis de gêneros e promover a família como condição da felicidade.

"Um Homem de Família" é ainda um filme atual, na medida em que dramatiza problemas como desemprego, individualismo e sobrevivência dos mais velhos.

Desqualificar seus temas e sua linguagem por serem antiquados é um automatismo crítico fácil e inofensivo. Pode ser mais vantajoso observar como ele atualiza valores conformistas em busca de eficácia.

A figura do pai ganha o tipo encorpado de Gerard Butler, cuja imagem bloqueia sentimentos de fragilidade, projeta um herói humano. Seu personagem de "headhunter" concilia aspectos positivos, de alguém que encontra recolocações para os outros, e negativos, de quem só visa ao lucro.

A mulher é loira, angelical e "do lar", mas também pode ser insubmissa e se impor quando o destino os abala. No polo oposto, a competição no escritório é com uma colega empoderada e antiética.

Pode-se tentar desqualificar tudo isso como um amontoado de clichês. Vale lembrar que, na origem, clichê designa um modelo feito para ser replicado.


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