Folha de S. Paulo


Sorridente e dançante, Mano Brown estreia turnê solo com convidados

A sisudez deu lugar à descontração no Mano Brown que subiu ao palco do Citibank Hall na madrugada de sábado (13).

O líder do grupo de rap Racionais MC's cantou para uma plateia cheia no show de estreia da turnê do primeiro disco de sua carreira solo, "Boogie Naipe". Lançado em dezembro de 2016, o álbum é voltado ao funk e à soul music.

Sorridente e dançante, Brown (eu lírico de Pedro Paulo Soares Pereira, 47) rimou, bebeu uísque, pediu "beque", fumou cigarro, fez teatro, mandou o roteiro às favas e até "cortou o cabelo" na apresentação que durou duas horas (da 1h às 3h).

A noite, que antes teve shows de Rincon Sapiência e de Rael, contou com a presença de convidados como Seu Jorge, Wilson Simoninha, Hyldon, Max de Castro, Ellen Oléria –que participam do álbum de 22 faixas– e Ed Motta.

Bruno Soraggi/Folhapress
Mano Brown durante show de 'Boogie Naipe
Mano Brown durante show de 'Boogie Naipe', no Citibank Hall

O disco foi praticamente tocado na íntegra. Brown e o cantor Lino Krizz (voz bastante presente em "Boogie Naipe") encenavam diálogos que serviam de ganchos para as canções.

Na primeira metade do show, foi destaque a participação de Seu Jorge, que cantou "Louis Lane" e "Dance, Dance, Dance". O público também foi embalado com "Mulher Elétrica" e "Boa Noite São Paulo".

Na segunda hora da apresentação, o clima ficou bem informal. Uma mesa de bar foi montada no palco, com copos, cinzeiro e uma garrafa de uísque sobre ela.

Ao seu redor, o rapper e alguns músicos fumaram cigarros e bebericaram do destilado escocês. Quando Ed Motta veio ao palco, Brown, ofereceu-lhe um gole. "Para molhar as palavras", disse ao sobrinho de Tim Maia.

"A essas alturas o script já foi pro caralho", disse o rapper após a apresentação de Motta, arrancando gargalhadas do público.

Pelo resto da noite, Brown revezou com Krizz os papéis de protagonista e de coadjuvante do show, ora estando na frente do palco, ora no fundo. Buscando interagir, Mano Brown dirigiu frases à plateia e tocou mãos de fãs perto do palco.

Na etapa final, o público pôde entender o motivo de uma parede cenográfica –que imitava a de uma barbearia– estar presente no tablado. Brown tirou o gorro e se sentou na cadeira montada no ambiente, ao que Josyas, barbeiro chamado pelo rapper, começou a trabalhar no penteado do anfitrião.

Por cerca de 10 minutos, Brown ficou ali sentado, divagando sobre Jesus Cristo e sobre as figuras representadas nas fotos penduradas ao redor do espelho do salão improvisado (entre as quais estavam as de Malcom X e a de Carlos Marighella).

Seu Jorge, próximo, bebia cerveja. Os dois trocaram elogios entre si. "Você é o nosso Pelé", disse o carioca a Brown. "Falo isso com lágrimas nos olhos. Você é uma referência muito importante", acrescentou.

Enquanto isso, coube a Krizz, à banda, ao DJ e aos dançarinos tentar manter o ritmo do show, já arrastado. Concluído o tapa no visual, Brown cantou mais algumas músicas e deu a noite por encerrada, pedindo aplausos para a banda e agradecendo pela presença dos convidados.

"Eles não vieram por dinheiro. Vieram por música e amizade", afirmou Mano Brown. Brown e banda agora se apresentam em Goiânia (14) e no Rio de Janeiro (20).


Endereço da página: