Folha de S. Paulo


Crítica

No auge, violinista Isabelle Faust atrai estudantes à Sala São Paulo

"A harmonia nunca para", exclamou um músico na plateia ao final do "Concerto para violino" de Brahms (1833-97) interpretado por Isabelle Faust em sua estreia como artista em residência da temporada 2017 da Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp).

É um mistério como um compositor com artesanato tão elaborado tenha se tornado querido do público; talvez porque, embora inacessível, sua arte se encontre a uma distância segura, como se nos estendesse a mão para ir além.

Mas para Faust não há mistérios técnicos, nem mesmo no exigente "Concerto" de Brahms. Sua busca é pela sonoridade específica de cada frase –o amálgama de volume, timbre e articulação que ela extrai de um violino Stradivarius fabricado em 1704.

Felix Broede/Divulgação
A violinista Isabelle Faust, artista residente da Osesp em 2017 ***EXCLUSIVO ILUSTRADA*** NAO USAR ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
A violinista alemã Isabelle Faust, artista residente da Osesp em 2017

Ao contrário de um concerto com piano solista, o solo de violino sai da essência da orquestra, e Brahms aproveita o fato para, em mil peripécias, descolar e recolar solo e tutti.

Só dá certo com cooperação e competência da orquestra, especialmente do próprio naipe de violinos; na quinta (11), o grupo liderado pelo spalla Emmanuele Baldini soube abraçar e deixar voar a solista.

O regente estoniano Arvo Volmer tira muito som da Osesp, o que já havia mostrado antes do intervalo nas obras escuras e misteriosas de seu compatriota Erkki-Sven Tüürr e na "Sinfonia n.4", do finlandês Jean Sibelius (1865-1957).

A presença da alemã Isabelle Faust tem atraído jovens estudantes de violino à Sala São Paulo. Após os três dias de apresentações do "Concerto de Brahms", ela iniciou com o pianista russo Alexander Melnikov uma maratona com todas as sonatas para violino e piano de Beethoven (1770-1827) distribuídas em três dias.

Ontem (14) foram as três primeiras sonatas op.12, e mais a n.9 –a "Kreutzer", que inspirou o famoso romance de Tolstoi (1828-1907); hoje (15) serão as sonatas op. 30 (n.6, n.7, a "Eroica", e n.8); e, amanhã (16), as n.4, n.5, a "Primavera", e a derradeira n.10.

É uma rara chance de ver ao vivo a integral de Beethoven tocada por premiados especialistas no auge da carreira.

ISABELLE FAUST (concerto Brahms com Osesp)
QUANDO hoje e amanhã (16), às 21h (integral Beethoven com o pianista Alexander Melnikov)
ONDE Sala São Paulo, praça Júlio Prestes, 16, tel. (11) 3223-3966
QUANTO: R$ 70


Endereço da página: