Folha de S. Paulo


Sobrinho de Hebe articula exposição e cinebiografia da apresentadora

Quando Hebe morreu, em setembro de 2012, seu sobrinho e empresário, Cláudio Pessuti, decidiu que ela ficaria entre nós "para sempre".

Seis meses depois, ele criava a empresa Hebe Forever, mesmo nome do projeto que previa lançar uma biografia, produzir uma exposição, um filme e um musical sobre a a apresentadora. Todos com o potencial de movimentar muitos recursos e gerar muito lucro, dado o alcance afetivo da rainha da TV.

"O projeto é para zelar, perpetuar e cultivar a imagem dela", diz Pessuti à Folha.

Quase cinco anos depois, apenas a biografia vingou. Em janeiro, a Ancine autorizou a produtora Loma Filmes a captar via lei de incentivo R$ 7,5 milhões para a cinebiografia "Hebe" e R$ 1,2 milhão para um documentário sobre ela.

Ambos os projetos, previstos para 2018, serão tocados pela roteirista Carolina Kotscho ("Dois Filhos de Francisco"), convidada por Pessuti.

A descrição do filme feita à Ancine diz que a apresentadora, com mais de 60 anos de TV, "é uma mistura de irmãos Grimm com Almodóvar, personagem de muitas camadas, melhor que a ficção".

Carolina diz que ainda não captou dinheiro para a empreitada nem escolheu diretor ou elenco –ela nega nomes aventados por aí.

A ideia para também fazer um documentário, conta, surgiu ao entrevistar, para sua pesquisa, pessoas como o filho de Hebe, Marcello, ou o autor Manoel Carlos, que trabalhou com a apresentadora.

"Pareceu-me um desperdício não aproveitar esse material", diz a roteirista –que conta ter definido um recorte para a cinebiografia.

"Quero me concentrar nos anos 80 e 90, no auge dela na TV. Foi quando ela deu entrevistas marcantes no 'Roda Viva', na 'Playboy', na 'Veja'", diz à Folha. "A partir dali dá para entender a vida dela."

Nessas entrevistas, Hebe falava, por exemplo, de não ter terminado nem o ensino primário, de seu papel na TV e de sexo da maneira mais espontânea, como fazia em seu famoso sofá-cenário.

MINHA CASA MEU MUSEU

Para a exposição sobre Hebe, Pessuti convidou o curador Marcello Dantas, hoje à frente do novo centro cultural Japan House, em SP.

A empresa Hebe Forever foi autorizada a captar R$ 4,5 milhões para a mostra, via lei de incentivo. O montante ainda não foi alcançado.

Dantas conta que começou a trabalhar no projeto há quatro anos e já fez a seleção do que gostaria de exibir. As roupas, joias e objetos pessoais de Hebe foram colocados pelo sobrinho e empresário em um galpão em São Paulo.

"Minha ideia é fazer dentro da mansão onde ela vivia, hoje a casa do Cláudio [Pessuti]. Lá tem a capela dela, o salão de beleza", diz Dantas.

O curador diz que a palavra que guiará a exposição será "empatia". "Ela gera vínculo com as pessoas. Ela construiu esses vínculos por meio do culto à personalidade, da fé."

Se não conseguir usar a casa da apresentadora, ele pensa no MIS, que abrigou a mostra sobre Silvio Santos.

Já o musical sobre Hebe, segundo Pessuti, foi autorizado a captar R$ 10 milhões, mas ainda não vingou. A ideia é fazer com a produtora Planmusic, que montou "Simonal".


Endereço da página:

Links no texto: