Folha de S. Paulo


Cannes diz que Netflix não voltará a festival sem filmes lançados no cinema

Mike Blake/Reuters
FILE PHOTO: The Netflix logo is shown in this illustration photograph in Encinitas, California, U.S., on October 14, 2014. REUTERS/Mike Blake/File Photo ORG XMIT: HFS-LUC04
Logo do Netflix, que não poderá voltar a Cannes caso filmes não sejam lançados no cinema

A Netflix, empresa norte-americana de vídeos pela internet, não poderá competir no Festival Internacional de Cinema de Cannes depois de 2017 a menos que mude sua política e lance seus filmes no cinema, informaram organizadores nesta quarta-feira (10).

O festival deste ano, que começa no dia 17 de maio, tem filmes da Netflix em sua mostra competitiva pela primeira vez - uma decisão que revoltou o setor de salas de cinema da França, já que a empresa afirma que suas produções só estarão disponíveis em streaming para assinantes.

O diretor do festival, Thierry Fremaux, havia dito acreditar que a Netflix vai providenciar algum tipo de lançamento cinematográfico de dois filmes na competição, "The Meyerowitz Stories" e "Okja", ambos muito aguardados e contando com astros como Jake Gyllenhaal, Ben Stiller e Tilda Swinton.

Mas, nesta quarta-feira, o festival disse que tal acordo não foi feito e que, embora os dois filmes tenham tido permissão de continuar competindo neste ano, no futuro nenhum filme será aceito sem uma garantia de distribuição nos cinemas franceses.

"O Festival dá as boas vindas a uma nova operadora que decidiu investir em cinema", disse o evento em seu site em resposta a rumores de que os filmes da Netflix seriam excluídos de última hora de Cannes 2017.

"(Cannes) quer reiterar seu apoio ao modelo tradicional de exibição nos cinemas na França e no mundo", continuou, acrescentando que a partir do ano que vem suas regras irão afirmar explicitamente que qualquer filme inscrito para competir terá que "se comprometer a ser distribuído em cinemas franceses."

Na França, que defende sua cultura e sua língua orgulhosamente contra o domínio global dos Estados Unidos, a decisão é uma vitória para o setor de distribuição de filmes tradicional.

O fundador e CEO da Netflix, Reed Hastings, fez um breve, mas desafiador comentário em sua página no Facebook: "A instituição fechando o cerco contra nós. Veja Okja na Netflix em 28 de junho, filme incrível que as redes de cinema querem impedir nossa entrada na competição do festival de cinema de Cannes".


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