Folha de S. Paulo


Sting revive Police em show matador e deixa plateia paulistana extasiada

Ricardo Matsukawa /Divulgação
Sting em show no Allianz Parque, em SP
Sting em show no Allianz Parque, em SP

Numa carreira solo bem-sucedida há três décadas, Sting sabe muito bem que nela não repete o impacto na música pop que ele alcançou como cantor e baixista do trio Police, entre 1977 e 1986. O grupo saiu de uma fornada de bandas new wave para se tornar um gigante do rock.

O artista britânico fez show único na oitava passagem pelo Brasil desde 1982, quando tocou no Rio com o antigo grupo, e deixou claro que entende o desejo do público.

Na noite de sábado (6), tocou para pouco mais de 10 mil pessoas no Allianz Parque, em São Paulo, numa configuração reduzida que utilizou metade do estádio para abrigar palco e arquibancada. E ele não teve receio de incluir oito músicas do Police para ganhar a plateia em um show consagrador.

Havia lugares vazios. Uma parte dos 15 mil ingressos disponíveis acabou sobrando na mão de dezenas de cambistas em torno do estádio.

Quem entrou assistiu a uma apresentação impecável. Sting abriu com "Synchronicity 2", uma das mais poderosas do antigo trio, seguida de mais Police, "Spirits in the Material World".

Cantando forte e com uma banda pequena e afiada, reforçada pelo grupo texano The Last Bandoleros, que fez ótimo show preliminar, Sting tratou em seguida de mostrar os sucessos que criou sozinho, como "Englishman in New York" e "Fields of Gold".

Ele apresentou cinco músicas de seu álbum mais recente, "57th & 9th". Celebrado pela crítica como "uma volta ao rock", a performance no palco comprova o que já era possível constatar no estúdio: tudo bem, é até rock, mas a música de Sting segue com jazz nas entranhas.

Já era assim no Police, com seus integrantes ecléticos. Sting vinha de carreira em grupos de jazz, o baterista Stewart Copeland adorava ritmos africanos, e o guitarrista Andy Summers gostava de blues, rock e bossa nova.

A força do repertório de "57th & 9th" ficou comprovada. Canções como "Down, Down, Down" e "One Fine Day" ficaram muito bem ao lado de, por exemplo, o hino "Message in a Bottle", outro clássico do Police no setlist.

Sting, em ótima forma física e vocal aos 65 anos, faz canções pop pegajosas que parecem simples, mas definitivamente não podem ser classificadas assim. Usa poucos acordes, cria sequências harmônicas sutis e envolventes e é um baixista extraordinário, como mostrou na versão "jazzy" de "Roxanne".

E foi com o repertório do Police que Sting eletrizou o público no final do show, resgatando "Walking on the Moon", "So Lonely" e "Roxanne". No bis, tocou "Next to Me" e o maior sucesso do Police, "Every Breath You Take". Encerrou com a balada "Fragile", dedicada ao líder indígena brasileiro Raoni.

Na abertura da noite, seu filho Joe Sumner mostrou pop rock sem brilho e ainda passou mal na última música, emocionado. Sting entrou no palco para amparar o rebento e causou alvoroço na plateia com a rápida e inesperada aparição prematura.

Sumner voltaria no show do pai, para cantar uma dispensável versão de "Ashes to Ashes", de David Bowie.

STING
AVALIAÇÃO ótimo 


Endereço da página: