Folha de S. Paulo


'Ninguém Entra, Ninguém Sai' é sucessão de piadas óbvias

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O mote desta comédia foi esboçado por Luis Fernando Veríssimo em uma crônica de jornal: os frequentadores de um motel são obrigados a permanecer trancados por lá durante quarenta dias.

O nome do motel –Zeffiro's– é uma referência a Carlos Zéfiro, pseudônimo do carioca Alcides Aguiar Caminha (1921-1992), desenhista de quadrinhos pornográficos que circulavam clandestinamente entre os anos 1950 e 1970. Mas "Ninguém Entra, Ninguém Sai" é bem mais comportada, não tem sequer nudez em suas cenas.

A quarentena se explica porque um funcionário do motel teria sido infectado lá por um raro e perigosíssimo vírus. O governo decide isolar o motel enquanto médicos tentam identificar a ameaça.

O roteirista Paulo Halm –de "A Casa da Mãe Joana 2" (2012), último filme de Hugo Carvana (1937-2014) – povoa o estabelecimento com uma galeria de tipos tão exótica quanto improvável.

Reprodução/YouTube
Danielle Winits em cena de Ninguém Entra, Ninguém Sai'
Danielle Winits em cena de Ninguém Entra, Ninguém Sai'

As figuras principais são Letícia (Danielle Winits), uma juíza dominadora e fetichista que adora submeter sexualmente seu aparvalhado segurança Acauã (Tatsu Carvalho); o motoboy falastrão Edu (Emiliano D'Ávila), que só consegue levar a casadoura namorada Suellen (Letícia Lima) ao motel depois de pedir dinheiro para os amigos; e a improvável dupla formada pela reprimida Margot (Mariana Santos) e o assaltante Alexandre (Rafael Infante), que ataca uma joalheria e sequestra a moça durante a fuga e vai se esconder com ela no Zeffiro's.

Outro personagem importante é a faxineira Francisca (Guta Stresser), soturna e enigmática, que serve como contraponto –fundamentalmente moralista–aos "devassos" frequentadores.

Estereotipados da cabeça aos pés e confinados em um lugar no qual o assunto é apenas o sexo, esses personagens não têm como render algo original e inteligente.

A requentada atmosfera de absurdo que banha a história é mero pretexto para uma sucessão de quiproquós que ensejam piadinhas óbvias sobre homossexuais e tiradas machistas, entre outras vulgaridades. Constrangedor, o desfecho é coerente com esse contexto.

Vindo da televisão, Hsu Chien Hsin passa em branco em sua estreia no cinema, pois não consegue se libertar do que a estética da tela pequena tem de mais canhestro: tudo parece um programa humorístico vespertino.

NINGUÉM ENTRA, NINGUÉM SAI
DIREÇÃO: Hsu Chien Hsin
ELENCO: Danielle Winits, Emiliano D'Ávila, Guta Stresser
PRODUÇÃO: Brasil, 2017, 12 anos
QUANDO: em cartaz
AVALIAÇÃO: ruim
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