Folha de S. Paulo


Crítica

Divertido, 'Guardiões da Galáxia 2' tem heróis sem caráter

Divulgação
O ator americano Chris Pratt como Peter Quill em cena de 'Guardiões da Galáxia 2', filme que impressiona por seus efeitos visuais estonteantes
Cena de 'Guardiões da Galáxia 2', filme que impressiona por seus efeitos visuais estonteantes

O provável sucesso cinematográfico do semestre não está numa galáxia muito distante, mas numa sala muito perto de você. Estreou na quinta (26) "Guardiões da Galáxia 2", continuação do filme que adaptou um gibi quase desconhecido da Marvel em uma das franquias mais lucrativas do cinema.

"Guardiões" é um velho oeste intergaláctico, em que há os planetas dos selvagens e os planetas dos muito civilizados. Os heróis não pertencem a nenhum deles, e por isso migram pelo cosmos fazendo serviços não muito sujos. E a trupe é notável.

Temos Peter Quill, um caipira americano que se autodenomina Senhor das Estrelas, por ser um exímio piloto (ainda que conte com a sorte de ter nascido virado para a lua) e Gamora, uma ET verde criada desde bebê para ser uma máquina de matança.

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Ao lado deles, Rocket, um guaxinim ranheta, e Groot bebê, uma muda (de planta) praticamente muda (de fala) que só serve para encher os corações na plateia de ternura e de aflição.

O roteiro gira em torno do encontro do herói com seu pai, figura oculta até então. Quill se depara um pai incrível que tem uma mansão linda, num planeta ainda mais deslumbrante, que também é dele.

As mulheres voltam com mais protagonismo e peso dramático, em outro barraco de família que se propaga pelo espaço. Gamora, o amor enrustido de Quill, se debate com Nebula, sua irmã de sangue e de ofício.

Há muita semelhança unindo os personagens. Heróis sem caráter. Vilões também sem caráter. Coadjuvantes sem caráter. Não tem ninguém que preste nesse universo? A resposta é não, e essa é a delícia do filme.

Eles matam como quem espirra, mentem, tapeiam de leve os amigos e acima de tudo acreditam que o mundo gira ao redor dos seus umbigos (para os que têm umbigo, é claro). Tudo isso sem esboçar o rancor de um Batman ou a culpa de um Homem-Aranha.

Os efeitos visuais estonteantes mostram que o futuro já chegou. É difícil dizer o que na telona é de verdade e o que saiu da CPU de um computador. Mas, assim como os personagens, os truques gráficos não se levam a sério, e os efeitos 3D servem para embelezar os cenários, não para ficar se esfregando na cara do espectador. Outro ponto para a produção: a trilha sonora ao estilo Alpha FM que costura as cenas, e tira a música só do plano de fundo.

"Guardiões da Galáxia 2" é muito bom. Tão bom quanto o primeiro? É impossível dar um susto igual duas vezes. Mas, num mundo em que todos os super-heróis das telas parecem precisar de um psicanalista com urgência, é um refresco ver um filme que seja divertido de verdade. Isso não é pouco.

Guardiões da Galáxia 2
DIREÇÃO: James Gunn
ELENCO: Chris Pratt, Zoe Saldana e Dave Bautista
PRODUÇÃO: EUA, 2017, 12 anos
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