Folha de S. Paulo


Crítica

'Genius' usa sexo e violência para contar a vida de Einstein

Dusan Martincek/Divulgação
Geoffrey Rush vive o cientista Albert Einstein em 'Genius'
Geoffrey Rush vive o cientista Albert Einstein em 'Genius'

Uma série de TV sobre Albert Einstein (1879-1955) não poderia começar de modo mais original: com sexo e violência. Assim se inicia "Genius", que estreou no domingo no National Geographic.

Um diplomata alemão judeu, o ministro das Relações Exteriores Walther Rathenau (1867-1922), é morto em um atentado. Ele era considerado traidor do país por grupos de extrema direita antissemita.

Corta para o famoso cientista, também judeu, interpretado pelo ator Geoffrey Rush, fazendo sexo com sua amante contra uma lousa.

Ainda levaria uma década para Hitler chegar ao poder na Alemanha, embora o antissemitismo fosse latente no país. A perseguição aos judeus institucionalizada pelos nazistas provocaria um êxodo de cérebros; muitos, como Einstein, iriam para os EUA.

Veja trailer da série:

Trailer da série 'Genius'

Apesar de ter recebido o Nobel de Física em 1921 pela explicação do efeito fotoelétrico, ele não era aceito por boa parte da comunidade acadêmica local. Foi acusado de ser autor de uma "física judia" em oposição a uma "física alemã", como se fosse possível.

Apesar de não ter tido papel direto no desenvolvimento da bomba atômica, foi uma carta sua ao presidente americano Franklin Roosevelt (1882-1945), alertando para o perigo das pesquisas nucleares alemãs, que motivou o chamado Projeto Manhattan.

O primeiro episódio aponta para questões políticas como essa –além das científicas– e mostra aspectos da vida pessoal de Einstein.

O roteiro opõe claramente sua genialidade e seus problemas de relacionamento. Os criadores da série afirma que ela é historicamente precisa. É difícil avaliar, pois o que o cientista fazia em seu quarto não costuma ser detalhado nas suas biografias.

Dirigido por Ron Howard, o capítulo inicial vai e volta entre a vida do cientista já famoso na Alemanha das décadas de 1920 e 1930 e sua vida como o estudante rebelde interpretado por Johnny Flynn.

Virou clichê entre alunos péssimos dizer que Einstein foi um péssimo aluno. Na verdade, era bom demais para as escolas que frequentou. Em vez de decorar fórmulas e conceitos, ele queria ir fundo em questões importantes.

Isso também se refletiu na sua vida acadêmica. Sua produção intelectual mais importante foi em 1905, quando trabalhava na repartição de patentes de Berna (Suíça), e não em uma universidade tradicional. Para ele, a pressão da carreira universitária poderia levar um jovem cientista a análises superficiais.

É impossível falar da vida de um cientista sem descrever sua ciência; a série toca em temas caros ao físico, e efeitos especiais ajudam, nesse começo, a entender suas análises. Resta ver como serão os outros nove.

NA TV

Genius: A Vida de Einstein ational Geographic
QUANDO: dom., às 22h, no National Geographic


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