Folha de S. Paulo


Espetáculo 'H.U.L.D.A' tem mescla de 'Lago dos Cisnes' e 'O Quebra-Nozes'

João Caldas/Divulgação
Cena de 'H.U.L.D.A'
Cena de 'H.U.L.D.A'

Convidado para a comemoração aos 40 anos da companhia de dança Cisne Negro, o diretor Jorge Takla descartou remontagens. "Queria algo mais criativo para falar da alma da companhia." Assim nasceu "H.U.L.D.A", que estreia nesta sexta (21), em São Paulo.

A alma da Cisne Negro, concordam os envolvidos no espetáculo, é mesmo Hulda Bittencourt, 82, fundadora e diretora de uma das poucas companhias particulares de dança que sobreviveu por tantas décadas no Brasil.

"A Hulda resistiu bravamente nesses 40 anos, não é fácil ter uma companhia independente. Foi ela quem esteve por trás, sempre com muita paixão", diz Ana Botafogo, diretora do balé do Theatro Municipal do Rio.

Botafogo, que também completa quatro décadas de carreira, volta ao palco no espetáculo-homenagem. Ela participou de diversas montagens da companhia, incluindo muitos "Quebra-Nozes", clássico natalino que é apresentado pelo grupo em São Paulo (e já são mais de 30 anos de apresentações).

Apesar do sucesso deste balé e da formação clássica rigorosa, a Cisne Negro se caracteriza ainda pela diversidade de estilos, o que guiou, junto ao roteiro de Takla, a criação das coreografias e da trilha sonora de "H.U.L.D.A".

O ponto alto da trilha, composta por André Mehmari, é a música final, espécie de mixagem de "O Lago dos Cisnes", com "O Quebra-Nozes", composições para balé de Tchaikovsky (1840-93).

A direção coreográfica é de Dany Bittencourt, filha de Hulda e diretora artística do grupo, e Rui Moreira, ex-Cisne e ex-Grupo Corpo.

É a quarta vez que Moreira cria para a companhia em que estreou aos 17 anos. Quando estreou em cena, com medos e inseguranças naturais da situação, ouviu de Hulda: "Está pronto? Melhor que esteja, vai estar todo mundo te olhando."

Ela escolheu dar ao seu grupo o nome da antagonista do balé "O Lago dos Cisnes". Odete, o cisne branco, é o lado romântico e amoroso da trama, mas Odile, cisne negro, representa a persistência de quem insiste em fazer dança no Brasil.

"É uma personalidade forte como minha mãe. O espetáculo mostra isso e é muito bom fazer essa homenagem enquanto ela ainda está viva."

Às vésperas da estreia do espetáculo, Hulda Bittencourt disse estar emocionada demais para dar entrevistas.

A companhia se mantém com venda de ingressos e espetáculos e esparsos patrocínios privados. A última vez que recebeu verba pública foi em 2008, da Petrobras.

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H.U.L.D.A

QUANDO: de 21/4 a 30/4; qui. e sex., às 21h; sáb., às 18h e 21h; dom., às 16h e 19h
ONDE: Teatro Santander, av. Pres. Juscelino Kubitschek, 2041, tel. (11) 4003-1022
QUANTO: de R$ 50 a R$ 100
Classificação livre


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