Folha de S. Paulo


Coleção apresenta Billie Holiday, que mudou o modo de cantar jazz

Associated Press
Billie Holiday no estúdio, durante sessões de seu penúltimo álbum 'Lady in Satin' (1958)
Billie Holiday no estúdio, durante sessões de seu penúltimo álbum 'Lady in Satin' (1958)

Em 44 anos de vida, Billie Holiday (1915-1959) passou por uma infância miserável, abusos sexuais no ambiente familiar, prostituição adolescente, agressões, estupros e dependência de heroína.

Mesmo assim, hoje as pessoas têm uma dúvida a respeito dela: Billie Holiday foi a mais influente cantora do jazz ou, mais do que isso, foi a maior cantora da história da música popular?

Ela está no sexto volume da Coleção Folha Lendas do Jazz, que vai às bancas no próximo domingo (23).

Adolescente, trocou a prostituição pelo palco. Naquele início dos anos 1930, grande parte dos americanos considerava as duas atividades degradantes para as mulheres.

Billie acabou mudando o modo de cantar de todas as gerações que a sucederam. Ela começou a se apresentar em público quando os cantores passaram a usar os microfones individuais. Antes, berravam para que todos nos teatros pudessem ouvir.

Com pouco alcance vocal, que ela chamava de "minha merda de voz", Billie adotou uma maneira emocionada ao se apresentar, um canto "pequeno" com o qual apostou na potência do microfone.

Gravou singles de muito sucesso nos anos 1930 e 1940. Chegou ao topo das paradas com "Carelessly", em 1937, e "Trav'lin' Light", em 1942. Mas, para os fãs de todas as gerações, talvez sua gravação mais poderosa seja "Strange Fruit", em 1939.

Seus 12 álbuns de estúdio foram gravados entre 1952 e 1959. Quando ela morreu, de cirrose, deixou um disco autoral pronto, gravado já com a doença em estágio avançado. "Last Recordings", o 12º e último disco de estúdio, é triste, melancólico.

Entre os registros ao vivo, imperdível é "The Essential Billie Holiday: Carnegie Hall Concert Recorded Live", lançado em 1961, que traz show dela em Nova York no dia 10 de novembro de 1956.

Desde a década de 1940, drogas e álcool sabotaram sua carreira, com shows cancelados. Delegacias e hospitais se tornaram destinos habituais da cantora no meio da madrugada. Presa várias vezes, ela foi chantageada e até mesmo surrada por policiais.

Mas tudo isso fica em segundo plano quando alguém escuta uma das vozes mais emocionantes da história da música.


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