Robert Kirkman, 38, começou sua saga zumbi "The Walking Dead" nas histórias em quadrinhos, em 2003.
Àquela altura, os mortos-vivos não eram considerados propriamente vendáveis, e fato de o gibi ser todo em preto e branco não ajudava no fator comercial.
Eis que veio a adaptação para a série de TV, em 2010; "The Walking Dead" virou um fenômeno pop, e Kirkman tornou-se um popstar nerd.
Considerado um dos cinco roteiristas mais poderosos de Hollywood, o criador hoje é sinônimo de franquia televisiva: além de "The Walking Dead" e de sua derivada, "Fear the Walking Dead", ele acaba de lançar a segunda temporada de "Outcast".
"Tenho uma certa noção do meu status. De vez em quando, me reconhecem em restaurantes e na fila do cinema, mas minha mulher logo me manda calar a boca", conta o simpático Kirkman em entrevista à Folha.
Segundo o autor, a interferência da mulher é um lembrete necessário para um escritor com tantas adaptações para outra mídia.
"O hype e a popularidade de 'The Walking Dead' podem distrair bastante, estou ciente. Por isso, 90% do tempo eu tento fingir que isso não existe. Minha vida é bem normal quando não estou promovendo as séries", diz Kirkman.
"Sentar ao teclado do computador para escrever os roteiros é a grande paixão da minha vida. Não quero pensar se meu cabelo está arrumado ou se estou bem vestido porque serei fotografado."
Na mesma semana que lançava "Outcast" em Los Angeles, essa suposta discrição de Kirkman foi atropelada pelo seu sucesso.
Quando a Folha lhe perguntou sobre uma possível adaptação para as telas de "Invincible"– seu gibi protagonizado pelo personagem homônimo, um super-herói adolescente– ele driblou: "Tenho esperanças de ter algo para contar em breve. Não posso falar mais que isso".
A notícia veio breve, de fato. No dia seguinte, sairia o anúncio de que a dupla Seth Rogen e Evan Goldberg (de "Preacher" e "Superbad "" É Hoje!") estava levando o projeto aos cinemas –com produção do próprio Kirkman.
A série "Outcast" tem uma origem diferente. Os direitos de exibição foram comprados antes mesmo de a revista ser publicada.
Fica fácil de entender a pressa em vista da trama: Kyle Barnes (Patrick Fugit, o menino de "Quase Famosos") é um homem que se isola numa cidade pequena, onde enfrenta casos de possessão demoníaca que refletem abusos físicos e psicológicos mais humanos.
"É bem diferente de 'The Walking Dead', que foi concebida como uma contínua exploração do cenário apocalíptico", aponta Kirkman. "'Outcast' tem começo, meio e fim. Sei exatamente onde vou acabar desde que fizemos o piloto, mesmo que não possa te revelar agora."
Kirkman diz que os erros de "The Walking Dead" lhe serviram de aprendizado para tentar evitar que "Outcast" sofresse da fadiga que atacou a série de zumbis na segunda temporada e também na mais recente –a oitava vem está prevista para outubro.
"Acho vital mudar cenário e o estilo das histórias para manter a série viva ano após ano, mas estou ciente do que agradou ou não. Os fãs falam o tempo todo comigo no Twitter. É como uma pesquisa semanal", conta ele. "Vivo sob o escrutínio da Internet. Teve até uma vez em que um seguidor me chamou para a briga depois de um episódio."
MIOLOS
O fim, no entanto, não parece próximo para "The Walking Dead". Mesmo tendo atingido os piores números da carreira, ela ainda é a série dramática mais vista dos EUA, com média de 11 milhões de espectadores.
Com a oitava temporada, que promete a maior batalha vista no programa, a série alcançará a marca dos cem episódios. "Não temos nenhum plano especial, já que nossos episódios de estreia sempre são grandiosos", pausa Robert Kirkman ao notar o olhar incrédulo da reportagem.
"Tá, estou mentindo. Claro que vamos celebrar a marca, pois não é qualquer série que alcança o centésimo episódio. Chegamos muito mais longe que eu imaginava. Não sei, provavelmente vamos matar uns cinco personagens importantes", diz o autor.
Kirkman diz que, por ora, não tem planos para quando o fim chegar. "Acho que vou lançar um programa de culinária. Está na moda. Que tal um programa de culinária com zumbis?"
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NA TV
Segunda temporada
QUANDO: sáb., às 23h, na Fox Premium 1, ou no app Fox