Aos 70 anos, a cantora Wanderléa resolveu encarar um desafio e aceitou o convite de Frederico Reder para participar de "60! Década de Arromba!", o primeiro musical da sua carreira.
"Nunca havia nem pensado em fazer um musical", afirmou a loira locomotiva do ie-ie-iê à Folha.
Ícone dos anos 1960, a Ternurinha, como é conhecida a cantora da jovem guarda, conta que foi um desafio se adaptar ao formato do espetáculo; diferentemente do que nos shows, nos quais costumava ficar "muito solta", ela teve que "ficar um pouco mais disciplinada".
O musical, que estreia nesta quinta (13) no Theatro Net, tem um formato de documentário sem a dramaturgia tradicional.
"Percebi que descobriram um formato de fazer biografias; eu não gosto de fazer o que estão fazendo, eu gosto do fora da curva. Quis fazer um musical só com fatos reais, sem personagem específico, mas que fosse do povo brasileiro", explica o diretor Frederico Reder.
TRÊS MOMENTOS
Durante três horas de apresentação, a peça retrata o clima dos anos 1960 no Brasil e no mundo. Reder conta que o espetáculo engloba faixas de Elvis Presley, Michael Jackson –na época membro do Jackson Five–, Beatles, Angela Maria, Gilberto Gil, Caetano Veloso e até do filme "Mary Poppins", além de cenas originais de programas e comerciais de TV da época.
O diretor conta que o musical passa por três grandes momentos da década: o empoderamento feminino, tendo Wanderléa como representante desse aspecto; a corrida espacial, que permeia o espetáculo inteiro; e a onda jovem, já que, segundo Reder, foi nos anos 1960 que começou a se falar em juventude: "Até então as pessoas eram ou crianças ou adultos".
Segundo Reder, a escolha de Wanderléa como única personagem real do enredo se deveu ao fato de que pesquisas realizadas para a produção do show a apontaram como maior ícone feminino do Brasil de então.
"Brinco que ela era a Ivete Sangalo e a Anitta ao mesmo tempo. Ela ditava moda, foi a primeira a usar minissaia, ela era cantora e era a mulher mais poderosa da televisão."
O movimento da jovem guarda foi visto com maus olhos pelos "puristas", como Wanderléa os denomina.
"Era um movimento da juventude, com roupa nova e um jeito novo de ser. Trazia um instrumental novo, e os puristas queriam que se continuasse com o que já existia", diz. "Éramos um prato cheio para quem queria meter o pau, mas nada que impedisse o sucesso. Fiz muitas coisas depois, mas o que marcou mesmo foi o que eu fiz na minha juventude."
60! DÉCADA DE ARROMBA!
QUANDO qui. e sex., 20h30; sáb., 17h e 21h; dom. 17h; até 28/5
ONDE Theatro Net São Paulo (Shopping Vila Olímpia, r. Olimpíadas, 360, 5º andar, tel. (11) 4003-1212)
QUANTO de R$ 40 a R$ 200; 12 anos. Saiba mais.