Rê Bordosa, Skrotinhos, Mara Tara e Wood & Stock. Alguns dos personagens mais famosos do cartunista Angeli estão de volta –e em movimento. Eles fazem parte da série "Angeli 'The Killer'", animação de 13 episódios que o Canal Brasil estreia no sábado que vem (15/4).
Classificada pelo cartunista de um "stop motion para adultos", a atração filmada com bonecos de massinha não é uma grande história de 11 minutos por capítulo.
São pequenos clipes —não muito diferentes de uma tirinha— sobre um mesmo tema e amarrados com as opiniões do alter ego de Angeli.
E por tema entenda crítica aos costumes, drogas, sexo e falhas humanas. Tudo tratado ao melhor estilo do artista, com humor ácido e sem preocupações com uma abordagem politicamente correta.
"Dei alguns palpites em relação ao roteiro para que não fugisse muito do trabalho original, mas é uma livre adaptação da obra", diz Angeli.
Nem tudo é animação. No primeiro episódio, Alessandra Negrini interpreta uma Mara Tara gigantesca, que interage com os bonecos.
No elenco de vozes estão nomes como André Abujamra e Grace Gianoukas, além do próprio Angeli, que dubla sua versão animada.
"Gravei muito e opinei sobre vários temas. As situações foram dramatizadas e romanceadas para encaixar no roteiro. É um documentário fictício. Talvez uma grande entrevista fictícia comigo", diz.
Como a série era produzida havia alguns anos, não dá para falar que é o retorno do artista após ter deixado as tirinhas diárias na Folha, em 2016, por causa da depressão.
Mas é um momento em que o cartunista volta à exposição. Ele acaba de lançar uma galeria virtual, na qual expõe e vende parte de suas obras em impressão de alta qualidade.
A esses dois trabalhos se junta o filme "Bob Cuspe - Nós Não Gostamos de Gente", previsto para 2018, sobre outro dos personagens do artista.
ANIMADO
Para Angeli, 60, animação é só uma nova forma de levar as criações às telas. "Ânimo é uma palavra que talvez nunca tenha existido no meu vocabulário. O desejo de que o próximo desenho fique melhor que o anterior é incansável e até mesmo obsessivo. Vou até o último segundo, exploro até cair a última gota de sangue. É torturante. Animado, jamais."
Mas a vida do artista não teve mudança brusca. "A rotina está bem mais leve, a pressão da produção diária era algo que não cabia mais no meu cotidiano. Continuo produzindo e trabalhando. O tempo ainda é escasso, mas a direção e o peso são outros", diz.
NA TV
Angeli 'The Killer'
QUANDO sábados, às 23h45, no Canal Brasil; 14 anos