Folha de S. Paulo


Ary Fontoura protagoniza versão teatral de longa dos anos 1980

Joao Caldas Fº/Divulgação
Ana Lucia Torre e Ary Fontoura como o casal protagonista de 'Num Lago Dourado', peça que entra em cartaz hoje em SP
Ana Lucia Torre e Ary Fontoura como o casal protagonista de 'Num Lago Dourado'

Em 1981, quando "Num Lago Dourado", peça escrita pelo autor americano Ernest Thompson, foi levada ao cinema, havia uma premissa para além do interesse no texto: a ideia era que, ao narrar a relação conturbada entre um pai e uma filha, os atores Henry Fonda (1905-1982) e Jane Fonda também pudessem acertar seus próprios conflitos pessoais.

No enredo, um professor aposentado, Norman Thayer, vai passar as férias numa casa de verão com a mulher, Ethel Thayer. Ele recebe, porém, a visita inesperada da filha, com quem não tem um bom relacionamento.

Ao ser montada no Teatro Renaissance a partir deste sábado (8), a trama abre mão do drama que percorre a ficção e a realidade da versão cinematográfica de Mark Rydell e destaca outras nuances da história, como o humor.

"A situação é mais risível no palco", diz o diretor Elias Andreato. "É possível se lembrar de qualquer família."

Ary Fontoura, 84, e Ana Lucia Torre, 71, interpretam o casal protagonista, vividos no longa por Henry Fonda e Katharine Hepburn (1907-2003) –ambos ganharam o Oscar por suas atuações. Tatiana de Marca (como Chelsea, a filha), André Garolli, Fabiano Augusto e Lucas Abdo também estão no elenco.

PICUINHAS

Além do conflito entre pai e filha, a comédia romântica explora as contradições de um casal que, apesar de viver sob o mesmo teto há 48 anos, tem temperamentos opostos: enquanto ele preza por um humor ácido, ela é uma figura solar. Toda a ação acontece dentro de uma casa, construída de forma realista pelo cenário –da janela, é possível ver pequenos movimentos de um lago.

"É interessante o fato de a montagem também abordar o amor existente entre esses personagens", afirma Ana Lucia Torre. "Para além de todas as picuinhas de quem já vive junto há muitos anos, eles ainda se gostam", diz a atriz. Para Fontoura, o espetáculo mostra que "o tempo não deve ser um peso na vida das pessoas".

O diretor Andreato conta que, ao assistir às situações criadas pela dramaturgia de Thompson, o público tem a impressão de estar espiando pelo buraco da fechadura. "Não é um teatro revolucionário que vai mudar a trajetória de ninguém, mas traz um entendimento das coisas como elas são, algo que pode ser muito prazeroso", afirma. "É uma forma de repensar a vida em uma hora e meia.

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NUM LAGO DOURADO

QUANDO: sex. e sáb, às 21h30; dom., às 18h; até 2/7

ONDE: Teatro Renaissance, al. Santos, 2.233, tel. 3069-2286

QUANTO: R$ 80; 10 anos


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