Folha de S. Paulo


Com mostra sobre bambu, Japan House quer mostrar 'essência' oriental

Nelson Antoine/Folhapress
Fachada da Japan House, projeto do arquiteto Kengo Kuma, no início da avenida Paulista
Fachada da Japan House, projeto do arquiteto Kengo Kuma, no início da avenida Paulista

"Não é a Hello Kitty, nem um Japão que fica piscando diante dos seus olhos", diz Marcello Dantas, de quimono preto, numa das branquíssimas salas da Japan House. "É uma cultura de altíssima densidade que a gente quer mostrar."

Toda essa densidade de que fala o diretor do espaço também transparece na leveza e no silêncio da arquitetura de Kengo Kuma, o arquiteto japonês que transformou um prédio de escritórios sem graça nos primeiros metros da avenida Paulista no mais novo centro cultural da cidade.

Em maio, as galerias da instituição bancada pelo governo japonês vão abrir as portas com uma mostra sobre a presença "milenar e fascinante", nas palavras de Dantas, do bambu na formação da identidade cultural japonesa.

Uma escultura da mostra, espécie de árvore em espiral, já domina o espaço do terceiro andar da Japan House, em sintonia com as paredes cobertas de delicadas tramas de papel e a fachada de encaixes de madeira e cobogós, uma versão de Kuma dessas estruturas típicas do modernismo tropical, para o novo prédio.

Mesmo antes de desenvolver seu projeto paulistano, ele disse, numa visita a São Paulo, que "um arquiteto deve integrar o entorno de suas construções àquilo que constrói" e que "precisamos ter um senso de estética".

O espaço paulistano, todo atravessado pelo movimento da Paulista filtrado ali pela fachada de madeira, é o primeiro de outros dois com o mesmo nome em construção agora pelo mundo -Londres abre sua filial no segundo semestre, e Los Angeles terá uma terceira no ano que vem.

Nelson Antoine/Folhapress
Escultura de bambu que estará na mostra de abertura do novo centro cultural da cidade
Escultura de bambu que estará na mostra de abertura do novo centro cultural da cidade

"É como se fossem uma porta de contato do Japão com o resto do mundo", diz Dantas. "É um país que tem uma influência, mas que ficou fechado durante vários séculos, o que gerou certa timidez."

Quebrar esse silêncio agora está na agenda de Tóquio, que investe pesado na abertura da Japan House. A filial paulistana, por exemplo, tem um orçamento anual de cerca de R$ 102 milhões, quase três vezes o do Masp.

"É uma potência, é outra realidade", afirma Dantas. "A gente aqui não é afetado pelas intempéries brasileiras."

Essa calma relativa, aliás, parece dar o tom das mostras previstas para este ano na Japan House. Além da exposição dedicada à história do bambu na cultura do Japão, o artista Makoto Azuma vai fazer nos próximos dias uma performance em que flores serão levadas de bicicleta a cantos distintos da cidade, formando "jardins efêmeros".

Em setembro, Kohei Nawa, famoso por esculturas de veados cobertos de bolas de cristal, deve manter essa pegada bucólica em sua mostra individual no novo espaço.


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