Folha de S. Paulo


Justin Bieber faz show em SP com lugares vazios e sem espontaneidade

Às 20h30 em ponto deste sábado (1º), o Allianz Parque em São Paulo ouviu os primeiros acordes de "Mark My Words". É um mistério da ciência como a caixa de vidro que elevou Justin Bieber, 23, de um alçapão ao palco não trincou com o berro de dezenas de milhares de adolescentes.

Já em uma das primeiras músicas, "Where Are You Now?", o cantor canadense mostra a que veio: é afinado, sabe dançar e tem um cabedal de truques e frases prontas para levar multidões ao delírio.

O estádio estava com espaços vazios e cambistas se queixavam, dizendo que morreram com ingressos na mão por falta de demanda. Mas a quase lotação se fazia ouvir. O número total de entradas vendidas não foi divulgado.

E as fãs devem ter saído satisfeitas. O show compilou o repertório do cantor e não se limitou ao último álbum, "Purpose". Canções de todas as fases foram tocadas. "I'll Show You", "No Pressure", "Sorry". Estiveram todas lá.

Houve momento intimista, com voz (sim, ele tem voz, e não é ruim) e violão, com "Love Yourself" e mais duas canções. Tudo certo, nada errado.

A apresentação é uma formula muitíssimo bem executada, mas cuja soma é zero. Zero espontaneidade, zero paixão, zero verdade artística. Alguém, por favor, belisca o Bieber para ter certeza que não se trata de um andróide?

Até porque um robozinho ornaria com a estrutura do espetáculo. Um palco cheio de parafernálias como plataformas que se elevam, andaimes para o afiado corpo de dança se pendurar é um telão com projeções (de Justin, quem mais?) de tirar o fôlego das fãs.

Ele não cuspiu no prato que o nutriu ao ponto de ser uma das maiores estrelas do mundo.

Ofereceu versões pouco adaptadas de seus sucessos "Baby" e "Boyfriend", mais melosas e simplonas do que os hits eletrônicos atuais, que parecem ter sido gravadas duas décadas atrás e não em 2014 e 2012, respectivamente.

É o mercado do entretenimento em carne e osso. Bieber saiu dos cueiros já fazendo o moonwalk e soube como reinventar sua carreira de uma década e pouco algumas vezes, se associando ao produtor, DJ ou rapper da vez.

Por mais que falte tesão no seu desempenho, Justin não transparece no palco o desprezo que já demonstrou xingando e socando fãs. Sabe o que cada um quer dele de verdade quando segura a camiseta e anda com a cueca de fora.

Uma hora e meia depois de abrir o gogó, Bieber encerrou sua primeira apresentação paulistana (até a noite de sábado ainda havia ingressos para a segunda, neste domingo). O menino midas do show-business cumpriu o contrato.

JUSTIN BIEBER

QUANDO: nova apresentação neste domingo (2), às 20h

ONDE: Estádio Allianz Parque (r. Turiassu, 1.840, São Paulo)

QUANTO: de R$ 125 a 750 na bilheteria ou em pontos de venda (premier.ticketsforfun.com.br)

CLASSIFICAÇÃO: 14 anos (de 8 a 13 anos, acompanhados dos pais ou responsáveis legais)


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