Folha de S. Paulo


LaMínima faz 20 anos com ode ao palhaço e homenagem a Montagner

Paulo Barbuto/Divulgacao
Fernando Sampaio (esq) e Alexandre Roit em cena de Pagliatti, espetaculo da LaMinima que celebra os 20 anos da companhia. Ao fundo, imagem de Agenor, palhaco do ator Domingos Montagner FOTO: Paulo Barbuto/Divulgacao ***EXCLUSIVO ILUSTRADA*** ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
Fernando Sampaio (esq) e Alexandre Roit em cena de "Pagliacci", espetáculo da LaMínima

É sugestivo o título que a LaMínima elegeu para o espetáculo com que celebra seus 20 anos: "Pagliacci" traduz, no vernáculo italiano, a linguagem sobre a qual a companhia se debruçou nesse tempo: a pesquisa do palhaço.

Trata-se de uma adaptação da ópera homônima do italiano Ruggero Leoncavallo (1857-1919), mas voltada à estética popular e circense do grupo fundado em 1997 por Fernando Sampaio e Domingos Montagner.

A estreia, nesta quinta (30), será seguida de uma mostra com seis peças de repertório e uma exposição com figurinos, fotos e vídeos da história da trupe.

Não é a primeira vez que a LaMínima se dedica a adaptar outra linguagem à sua estética. Já levou ao palco uma HQ de Laerte ("A Noite dos Palhaços Mudos", de 2008) e uma série de monólogos de Dario Fo ("Mistero Buffo", 2012).

Para "Pagliacci", Luís Alberto de Abreu criou uma dramaturgia nova a partir de improvisos circenses da própria companhia. "Isso [os improvisos] garantiu o DNA da LaMínima", diz Chico Pelúcio, ator do Grupo Galpão que assina a direção da montagem. "São provocações em busca de alguma coisa que não é só o LaMínima, mas o resultado de um encontro. A gente espera que não seja uma repetição, mas uma evolução."

Assim, deixou-se de lado o aspecto trágico da história original, que acompanha uma trupe mambembe.

Foram mantidos, porém, os personagens: Canio (Alexandre Roit), líder do grupo, sua mulher Nedda (Keila Bueno), que se enamora de Silvio (Sampaio), ator da companhia, o mal-intencionado Tonio (Filipe Bregantim) e o bufão Peppe (Fernando Paz). Ainda acrescentou-se uma nova figura em cena, Strompa (Carla Candiotto), namorada de Tonio.

Da ópera, foram utilizadas poucas músicas, como "Vesti la Giubba", mas com a tônica clownesca da LaMínima, comenta o diretor musical Marcelo Pellegrini. Boa parte da trilha é uma criação original da companhia, executada ao vivo pelos músicos-atores, que utilizam instrumentos inusitados como um serrote ou garrafas com água.

CADERNOS

"Pagliacci" é um projeto antigo da companhia e estava em curso havia mais de um ano. Domingos Montagner mantinha cadernos em que desenhava ideias de números, cenários e figurinos.

A montagem acabou por utilizar alguns estudos do ator, morto em setembro passado, aos 54 anos, enquanto nadava no rio São Francisco.

O cenário, quase todo feito de papel, remetendo a uma atmosfera mambembe e também operística, traz ilustrações de palhaços da história da LaMínima.

O logotipo da peça (um palhaço) se inspira em outro desenho de Montagner, conta o cenógrafo Marcio Medina.

"Esse virou um projeto especial", diz Sampaio. "A imagem do Domingos é muito presente. A vontade de homenageá-lo, de celebrar a história dele, é muito grande. E ele merece, porque é um cara incrível, um artista como poucos."

PAGLIACCI
QUANDO qui. a sáb., às 20h; dom., às 19h (sessões extras: 12/4 e 7, 14 e 21/6, às 20h); até 2/7
ONDE Sesi - Centro Cultural Fiesp, av. Paulista, 1.313, tel. (11) 3146-7406
QUANTO grátis; 14 anos


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