A expansão da Netflix chega a um ponto importante nesta sexta-feira (24), com a estreia de seu primeiro reality de competição. "Ultimate Beastmaster" é produzido por Sylvester Stallone e por David Broome, nome conhecido nesse gênero vigoroso nos EUA, onde programas de competição são corriqueiros na TV aberta.
Contudo a atração, que tem 108 participantes de seis países -EUA, México, Brasil, Alemanha, Japão e Coreia do Sul-, precisa ter apelo para ao menos parte dos 190 territórios cobertos pela Netflix.
Por isso, cada um dos dez episódios é editado de seis maneiras diferentes, com foco nos competidores daquele país e com comentaristas locais -no caso do Brasil, o lutador Anderson Silva e o comediante Rafinha Bastos.
As provas do programa se desenrolam numa pista em forma de dragão, com 200 metros de comprimento, situada na Grande Los Angeles.
"Bati o olho naquela besta e me senti em um videogame da vida real", conta Anderson Silva à Folha. "Quando me falaram como seriam as fases, confesso que achei que seria moleza, mas conheci o lugar e vi que nunca conseguiria fazer aquilo."
O formato tem seus problemas. A inserção dos comentários é pouco espontânea, e a edição não deixa o espectador torcer por um favorito. Mas a estrutura se destaca, e uma segunda temporada já foi filmada em segredo.
"Pretendo estar nas outras edições da série", torce Silva, em sua primeira grande experiência no entretenimento fora dos octógonos do UFC.
"Estudei e pesquisei os outros programas, já que era minha primeira vez como apresentador, mas tive uma ajuda grande do Rafinha. Não foi difícil e acho que fiz bem. Descobri outro talento."
Spider, 41, falou com a Folha um pouco antes de obter sua primeira vitória em mais de quatro anos, sobre Derek Brunson, em 12 de fevereiro, após um período marcado por derrotas e doping.
O lutador diz que estuda atuação há quatro anos e que acaba de fazer um filme em Hong Kong, "Made in Kowloon", no qual vive o grande vilão, além de ter escrito uma série policial no Brasil.
"Sempre quis atuar, mais que lutar. Estou preparando a transição para chegar aonde desejo, ser um grande ator."
Silva diz se inspirar em atores como Morgan Freeman, Denzel Washington e Will Smith. Mas quem ele encontrou mesmo foi seu produtor, Stallone. "Trocamos algumas experiências num almoço e ele me deu dicas", lembra o brasileiro, que é ídolo de muitos hollywoodianos musculosos. "Cara, eu que fico deslumbrado com todos eles. Cresci vendo Stallone na TV. Sou um cara privilegiado."