Folha de S. Paulo


Queridinho de Hollywood, 'novo Uri Geller' faz show em SP

"Caramba! Você pode me dizer como fez isso?"

"Se eu contasse, teria que te matar", responde o dono do espetáculo, ao que o espectador pondera: "Você pode contar para minha mulher então?".

Nada faria Lior Suchard, 35, revelar como é capaz de dizer o que se passa na cabeça de alguém. Mas garante que seu dom é "pra valer", e não coisa de quem ganha a vida tirando coelhos da cartola.

Divulgação
O mentalista israelense Lior Suchard
O mentalista israelense Lior Suchard

Há mágicos, milhares deles, e mentalistas. Esses dá para contar nos dedos das mãos, diz o israelense que se autoproclama integrante dessa elite da manipulação mental.

Em 2008, ele venceu o reality "The Next Uri Geller", que elegeu o sucessor do psíquico famoso nos anos 1970 por seus supostos poderes de entortar talheres com a mente.

Também de Israel, Uri, 70, já se disse impressionado com o conterrâneo. Em seu site, Lior elenca celebridades que também puxaram seu saco.

Jerry Seinfield: "Nós dois sabemos como entreter. Pena que EU não possa ler pensamentos". Leonardo DiCaprio, após performance: "Puta merda! Isso foi incrível!". Um dos números prediletos de Lior é adivinhar o nome da primeira pessoa que alguém beijou. Assim embasbacou Kim Kardashian e Sylvester Stallone.

São Paulo terá a chance de pagar (R$ 240) para ver. Ele se apresenta nesta terça (21) na Instituição Beneficente israelita Ten Yad.

Teaser de Lior em ação

CHARLATÕES?

Há quem se dedique a desmascarar o charlatão dito paranormal. O mágico James Randi, 88, fez carreira assim.

Uri era alvo preferencial. Contorcer metal não seria telecinese (dom psíquico de manipular a matéria), mas uma ilusão que hoje se aprende até na internet –e que depende de habilidade motora, a tal da mão mais rápida do que o olho.

Já a CIA testou Uri em 1973 e se convenceu de sua paranormalidade. Segundo documentos secretos liberados em janeiro, ele teve êxito ao reproduzir desenhos (como um cacho com 24 uvas) que pessoas faziam em outra sala.

A agência de inteligência dos EUA também arquivou uma frase de Uri sobre céticos: "Não ligo para o que esses otários pensam. Sou milionário".

Lior também diz não se importar com Randi e afins. Está disposto a provar à repórter que tem aptidões mentais. As instruções vêm de Los Angeles, por telefone. Pede que eu procure quantos artigos o Wikipedia armazena (5.323.605) e a média de palavras de cada um (1.171). Faz as contas: mais de seis bilhões de palavras.

Orienta-me, então, a buscar no Wikipedia qualquer artigo em inglês e, depois, escolher uma palavrinha lá no meio. Arrisca: é "advantage" (vantagem)? Não é. Na segunda tentativa, acerta: "effectively" (efetivamente). Ainda crava qual foi o texto buscado aleatoriamente ("sun", sol).

"Impressionada?" Effectively. "Você devia escrever sobre isso", sugere, manipulando minha mente para tirar advantage. Ele diz se divertir com os céticos que chegam em seus shows. Chama-os de "meus garotos-propaganda não remunerados". Emenda: "Preciso mandar flores a eles".

Não dá para afirmar se é feitiçaria, tecnologia ou um truque indetectável para leigos. O que dá para dizer é que Lior é um ótimo marqueteiro. Gosta de salpicar sua biografia com doses de mistério, como sua passagem pelo serviço militar em Israel. Fala que não está autorizado a discutir isso. Em 2011, disse ao "Huffington Post": "O Exército se aproveitou de minhas habilidades".

Conta que as percebeu por volta dos seis anos, quando sempre acertava jogos do tipo "adivinha qual número eu escolhi, de zero a dez". Já disse, em uma entrevista, que nessa idade moveu uma cumbuca com a força da mente. Hoje Lior move montanhas de dinheiro ("dezenas de milhares de dólares" por show).

Renda extra: ele customiza sua atividade para corporações como Apple e Nike –inclusive para ajudá-las a divulgar produtos.

Em evento para uma grife de relógios, conta que paralisou todos os ponteiros no pulso da audiência. "Uma pessoa disse que o relógio dela não tinha parado." Era o da marca em questão. Afinal, tempo é dinheiro.

LIOR SUCHARD NO TEN YAD
QUANDO terça (21), 21h
ONDE Espaço Orá Vessimchá, r. Newton Prado, 76, tel. (11) 3222-3385
Quanto R$ 240


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