Folha de S. Paulo


Osesp perde 27% do orçamento e desconvida maestros para temporada

Após o desmonte da Banda Sinfônica de São Paulo se concretizar na manhã desta quinta-feira (9), a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp) também se mostra fragilizada.

Se o infortúnio da banda se deveu à falta de repasses pelo governo, a principal orquestra brasileira tenta reajustar sua temporada anual com um orçamento total 23% menor do que o de 2016, que foi de R$ 100,7 milhões.

A Fundação Osesp afirma que a porção dedicada a projetos artísticos em 2017 é 27% menor do que o de 2016, e esclarece que essa diminuição não se deu por parte dos repasses do governo, mas, sim, pela escassez em outras fontes de receitas, como venda de ingressos, patrocínio, locação de espaços e mecenato. O número de assinaturas, por exemplo, diminuiu 8%.

O repasse estadual, garantem a instituição e a Secretaria de Cultura, permaneceu o mesmo do ano anterior, R$ 39,6 milhões.

Natália Kikuchi/ Divulgação
SAO PAULO, SP, 02-07-2015 - Marin Alsop rege a Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo) na Sala São Paulo, na pré-abertura do 46 Festival de Inverno de Campos do Jordão. Crédito: Natália Kikuchi/ DIvulgação ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
Osesp conduzida pela regente-titular Marin Alsop, em 2015

Em um comunicado, a fundação argumenta que, "como todas as instituições culturais do país, vem procurando fazer ajustes para se adaptar às restrições orçamentárias atuais".

Até o momento, a instituição já reduziu a temporada de música de câmara e os concertos itinerantes da orquestra, cortando três séries e diminuindo uma quarta.

Os ajustes também implicaram o cancelamento de convites feitos a dois maestros que participariam de concertos com a orquestra.

Um deles foi o maestro Celso Antunes, que, ao saber do corte por meio de sua agente, divulgou uma carta aos colegas músicos do grupo anunciando que o cancelamento se deu "de forma arbitrária" e contra sua vontade.

Antunes é um veterano da orquestra, da qual foi regente associado entre 2012 e 2016, quando, segundo a instituição, o contrato acabou –o cargo foi extinto.

Na própria carta, o maestro já rebatia os argumentos de falta de verbas. Antunes afirmou que os concertos já estavam acertados "e garantidos pela direção desde fevereiro de 2014".

Ele ainda pontuou que já havia aceitado uma redução da ordem de 25% em seu cachê, além de mudanças no repertório.

"Insisto em passar estas informações a vocês a fim de evitar qualquer impressão de que haja má vontade de minha parte: vocês, músicos da Osesp, têm e continuarão tendo uma imensa importância em minha vida musical", escreveu.

O outro é o maestro canadense Fabien Gabel, que se apresentaria pela primeira vez com a Osesp neste ano.

Segundo a Fundação, o recuo foi do próprio Gabel, que se disse impossibilitado de participar. A instituição optou, então, por não substituí-lo por outro convidado.

Desta forma, os dois programas que sofreram as modificações foram mantidos sob a batuta da regente assistente Valentina Peleggi.

Foram realizados cortes de 35 cargos operacionais e administrativos e não houve demissões de músicos.

Em nota, a Fundação diz considerar "que foi feito tudo que era necessário e informa que a temporada será mantida como anunciada".


Endereço da página:

Links no texto: