Folha de S. Paulo


Com novas modelagens, saias masculinas ganham 2ª chance

Não foram apenas os centímetros a mais nas barras e nos cós das calças que alteraram a imagem do homem nas últimas temporadas. Uma legião de marcas e de gente moderna tirou do armário as controversas saias masculinas.

Vira e mexe, algum estilista vinha trazer a ideia, mas os saiotes nunca saíram da marginalidade. O designer João Pimenta, entusiasta do modelo para rapazes e dono de um ateliê em Pinheiros, comemora o "boom" nas vendas dos últimos meses.

"Do ano passado para cá, é a peça que mais vendo. Nunca sobra. Até as mais coloridas, que costumo colocar apenas no desfile, vendem bem", conta o estilista, que cobra entre R$ 250 e R$ 600 por saia.
Assim como ele, grifes como a italiana Etro e a britânica KTZ criaram novos padrões para as peças em seus últimos desfiles de inverno.

Giuseppe Cacace/AFP Photo
Modelo desfila coleção masculina da Etro em Milão
Modelo desfila coleção masculina da Etro em Milão

Pimenta aliás, está desenvolvendo agora novas modelagens para sua próxima apresentação na São Paulo Fashion Week, em março.

"Estou experimentando volumes laterais e sobreposições para serem aplicadas em calças. A regra, quando se trata de saias para homens, é nunca igualar as peças às modelagens femininas", diz.

Os modelos criados para rapazes bebem da alfaiataria, têm bolsos na parte de trás, são mais estruturados e comumente são cortados abaixo dos joelhos. A minissaia não é opção. Pelo menos ainda.

O gosto pelas saias não é restrito às grandes metrópoles. Em Guaratinguetá, a 175 km de São Paulo, a multimarca Releitura passará a vender as peças de olho no mercado.

A ideia partiu do professor Tiago Cerf, amigo do dono da loja, que não encontrava saias no varejo e tinha de confeccionar os próprios modelos.

"É um experimento que surgiu da vontade de testar a realidade sem gênero", diz Cerf. Preconceito? "Claro que há provocações na rua, mas o impacto de um homem de saia, hoje, é muito menor."


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