"LUZes sobre Stockhausen". Assim o compositor Flo Menezes sintetiza a proposta do ciclo de conferências e performances que, a partir desta segunda (6), abordarão o legado de Karlheinz Stockhausen (1928-2007) dez anos após a sua morte.
Stockhausen transpassou cada corrente dominante das vanguardas do século 20, deixando contribuições indeléveis. Frequentemente, uma única obra sua era suficiente para levar um meio às últimas consequências.
Foi um prestigitador, um ilusionista capaz de extrair humor desconcertante de fórmulas complexas. Nasceu e morreu perto de Colônia, na Alemanha, tendo estudado em Paris com Olivier Messiaen (1908-92).
Seu "Kontra-Punkte" (1952) superou o serialismo pontilhista, e com "Canto dos Adolescentes" (1956) tornou-se o líder da música eletrônica. Obras como "Gruppen" (1957), "Momente" (1964) e "Aus den sieben Tagen" (dos sete dias, 1968) são, em si mesmas, fases da história da música recente.
Viveu (bem) de sua própria música. Tudo o que escreveu foi editado -algumas partituras são obras de arte gráficas-, e quase tudo estreado e gravado sob a sua supervisão. Deixou rastros no mundo pop (sua foto está na capa do LP de 1967 "Sgt. Pepper´s Lonely Hearts Club Band", dos Beatles).
Causa estranheza, portanto, que seu projeto mais grandioso -um ciclo de 7 óperas, uma para cada dia da semana, num total de 29 horas de música-, ao qual se dedicou ininterruptamente por 26 anos, seja a parte menos conhecida de sua produção.
A explicação talvez seja a desconfiança que a própria comunidade musical passou a ter perante o seu estranho misticismo, às declarações polêmicas e à forma de vida autocentrada, amparada por um séquito de discípulos.
O ciclo "Licht" (luz), ou "Os Sete Dias da Semana", é o tema principal do curso performático de Flo Menezes. Ele teve contato pessoal com Stockhausen em seus últimos dez anos de vida. Segundo Menezes, "a cada dia, meu foco será a ópera daquele dia. Porém, em meio à minha abordagem, estabelecerei paralelos entre as óperas e composições de períodos anteriores".
Todo o ciclo "Licht" foi concebido a partir de três "fórmulas" que caracterizam Michael, Eva e Lúcifer, os personagens centrais. Uma cosmologia simbólica abarca também a escolha de instrumentos, cores e coreografia.
Cada personagem tem um "dia para si"; assim, quinta-feira ("Donnerstag") é o dia de Michael; sábado ("Samstag"), o de Lúcifer; e segunda-feira ("Montag"), de Eva.Há também as combinações: "Dienstag" (terça-feira) é Michael-Lúcifer; "Freitag" (sexta-feira) é Eva-Lúcifer; "Mittwoch" (quarta-feira), a cooperação dos três; e "Sonntag" (domingo), a união mística entre Eva e Michael.
"No decurso do evento", afirma Flo Menezes, "uma excursão, um curso, um discurso ou um exCURSO (na medida em que aborda obras de fases anteriores) sobre LICHT, estaremos homenageando o mestre que se foi há 10 anos". Além das palestras, haverá vídeos com trechos das óperas, difusão ao vivo de música eletrônica, e piano, flauta, clarinete e percussão em cena.
ex-CURSO LICHT (LUZes sobre Stockhausen)
QUANDO 6 a 12/2 (seg. a sex. das 19h às 21h; sáb. e dom. das 15h às 17h)
ONDE Praça das Artes (Sala do Conservatório), av. São João, 281
QUANTO grátis (sujeito à lotação do auditório, inscrições: terreyrocoreografico@gmail.com)
CLASSIFICAÇÃO 16 anos
| Arquivo Folhapress | ||
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| O compositor alemão Karlheinz Stockhausen |