Folha de S. Paulo


Série do History acompanha registros de Gabriel Chaim na Síria e no Iraque

O plano era viajar por locais isolados para fotografar como eram as refeições das pessoas. O que Gabriel Chaim descobriu é que a comida era muito parecida nesses lugares. Diferente mesmo era a história de cada um que ele encontrou pelo caminho.

Se o trabalho gastrônomico não deu resultado, serviu para criar no brasileiro o interesse de acompanhar zonas de conflitos e campos de refugiados. Foi assim que, desde 2011, visitou o Irã, cobriu os protestos no Egito, foi preso e deportado da Turquia e esteve nas áreas em guerra na Síria e no Iraque.

Em uma das viagens a esses dois países, em setembro de 2015, gravou sua rotina para "Zona de Conflito", série documental de oito capítulos que o History estreia neste sábado (4), mesclando as gravações com imagens de arquivo de Chaim e fotos.

Logo no primeiro episódio, Chaim visita o campo de refugiados Arbat, na região do Curdistão iraquiano. Lá conhece Parwin, uma mulher yazidi que havia sido sequestrada pelo Estado Islâmico e vendida várias vezes como escrava antes de escapar.

"Em pleno século 21, é inimaginável que ainda tenham pessoas sendo vendidas como escravas. Isso me emocionou muito", diz Chaim.

Antes de ser pega pelo Estado Islâmico, Parwin vivia na cidade de Sinjar, na fronteira com a Síria, que se tornou uma dos campos de batalha entre o grupo terrorista e os pershmega, os combatentes curdos.

Para descobrir do que Parwin fugia, Chaim vai até o front de batalha do lado curdo. É quando um soldado intercepta uma mensagem e descobre que o Estado Islâmico em breve irá lançar morteiros na direção deles.
Se escondendo às pressas, o brasileiro ainda consegue filmar as explosões, que só param após um ataque aéreo dos EUA ao Estado Islâmico.

"Não tenho medo assim, mas é importante sempre ter a neutralidade nessas áreas. Suas convicções políticas podem até mesmo levar à morte em determinados locais", explica o fotógrafo.

Entre outras medidas de segurança, Chaim não costuma falar da vida pessoal nem da mulher e filhos nas redes sociais, apenas publica sobre o próprio trabalho.

Ele conta que já foi ameaçado por uma reportagem que fez sobre fraude nas eleições de um desses países.

"O embaixador afirmou que minhas informações não eram verdadeiras e, se eu voltasse ao país, ele não garantiria minha segurança", diz.

TRUMP

No fim de janeiro, Donald Trump baniu a entrada nos EUA de nascidos em sete países, incluindo Síria e Iraque. "Muros não constroem, eles destroem. Em vez de erguer muros, deveriam fazer pontes. Com essa medida, ele está fechando a oportunidade de uma pessoa, refugiada, de buscar a vida", avalia Chaim.

NA TV
Zona de Conflito
QUANDO sábados, 23h35, no History


Endereço da página:

Links no texto: