Folha de S. Paulo


Peça 'O Bosque Soturno' esmiúça relação conturbada entre irmãos

Lenise Pinheiro/Folhapress
 Sao Paulo, SP, Brasil. Data 31-01-2017. Espetáculo O Bosque Soturno. Atores Guta Ruiz (roupa preta) e Pedro Bosnich. Teatro Eva Herz. Foto Lenise Pinheiro/Folhapress.
Atores Guta Ruiz e Pedro Bosnich na montagem de 'O Bosque Soturno', de Neil LaBute

Neil LaBute cria personagens tão repugnantes quanto reais. Em suas peças, o dramaturgo americano esmiúça as relações e a crueldade humanas, tudo com um certo sarcasmo e humor negro.

Não faz diferente em "O Bosque Soturno", texto de 2011 que ganha montagem brasileira a partir desta quinta (2), em São Paulo, com direção de Otávio Martins.

Aqui, fala dos irmãos Betty (Guta Ruiz) e Bobby (Pedro Bosnich), que se reúnem para esvaziar uma cabana que será alugada para novos inquilinos. Presos ali por uma chuva, veem surgir as rusgas do relacionamento e a distância entre seus temperamentos: ela, uma intelectual liberal; ele, um marceneiro com visões um tanto retrógradas.

"Existe um princípio misógino do irmão para a irmã. Ela é muito liberal para ele. E LaBute escancara um tipo que a gente conhece, do homem que se acha acima da figura da mulher", diz Martins. E o faz com "um humor calcado no constrangimento, no riso nervoso", continua o diretor.

A relação vai se revelando pesada –percebe-se a grande obsessão de Bobby pela irmã– e vêm à tona traumas e segredos familiares.

Na montagem brasileira, o cenário é todo composto de caixas de feira, que fazem as vezes de móveis e paredes e representam não só a mudança que os personagens fazem na cabana, mas também "tudo aquilo que fica guardado" na relação, afirma Martins.

A iluminação, assim como os segredos dos irmãos, nunca é clara, e revela aos poucos os elementos de cena.

*

O BOSQUE SOTURNO
QUANDO qui. e sex., às 21h; até 24/3
ONDE Teatro Eva Herz - Livraria Cultura Conjunto Nacional, av. Paulista, 2.073, tel. (11) 3170-4059
QUANTO R$ 40
CLASSIFICAÇÃO 16 anos


Endereço da página: