Folha de S. Paulo


Houellebecq lança obra completa e diz que não escreverá mais livros políticos

O popular e controverso romancista francês Michel Houellebecq confessa que, por trás da desolação que impregna sua obra, está o fato de que sua mãe não o "mimou o suficiente", de acordo com um diário pessoal que acaba de ser publicado.

"Quando eu era bebê, minha mãe não tocou em mim, não me acariciou nem mimou o suficiente. E isso explica todo o resto, todo o conjunto da minha personalidade, suas zonas mais dolorosas em qualquer caso."

"Até a minha morte, seguirei sendo uma criança abandonada, gritando de medo e frio, faminto por carinho", afirma Houellebecq em "Mourir", escrito em 2005, quando atravessava uma profunsa depressão.

Luiz Munhoz/Fronteiras do Pensamento
O escritor Michel Houellebecq em conferência em Porto Alegre em 7 de novembro de 2016
O escritor Michel Houellebecq em conferência em Porto Alegre em 7 de novembro de 2016

O diário do autor de "Submissão" integra uma monografia publicada nesta quarta (18) na França, junto com a edição da segunda parte de suas obras completas —um volume de 1.500 páginas.

O escritor, que não costuma fazer declarações públicas, assegurou na terça (17) à noite na rede France 2 que deixará de escrever livros com conotação política.

Houellebecq publicou "Submissão", um romance controverso sobre a chegada ao poder de um presidente muçulmano na França, em 2022. O livro saiu quando o país acabava de sofrer um atentato extremista contra a sede do jornal satírico "Charlie Hebdo", em Paris, em 7 de janeiro de 2015.

"Creio que os sentimentos são mais importantes, ainda não esgotei esse tema", ele afirmou.

Questionado sobre a vida política na França, que este ano elegerá seu futuro presidente, o escritor comentou que é abstencionista. Recordou que não gosta de Nicolas Sarkozy, o ex-presidente conservador que tentou voltar à disputa neste ano, mas perdeu nas prévias de seu partido.


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