Folha de S. Paulo


Ator de 'Velho Chico', Anderson Vianna faz faxina para viver em SP

Com bom humor e disposição de sobra, o jovem ator Anderson Vianna, 30, que teve seu último trabalho em "Velho Chico" (2016), na TV Globo, encara uma rotina de estudos, testes, e serviços de faxina para seguir o sonho de se consolidar na carreira.

Nascido em Belém, no Estado do Pará, filho caçula de nordestinos de Petrolina, em Pernambuco, Vianna está em São Paulo desde outubro, para se especializar em métodos de interpretação do ator na ECA-USP (Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo).

Para se manter na cidade, usou a criatividade para anunciar serviços de faxina no Facebook: "O Cinderelo vai passar na sua casa e deixá-la como um verdadeiro castelo", diz a publicidade com a foto do rosto de Vianna em cima do desenho do corpo da Cinderela (ou Gata Borralheira) de Walt Disney.

Desde então, o rapaz —que já ganhou prêmio de melhor ator no Festival de Cinema Experimental de Berlim— está com a agenda cheia.

"A gente tem que ter consciência de que estamos sempre aprendendo e temos que saber lidar com o ego. Todos os dias busco lembrar de quem eu sou, o quanto lutei e o que quero conquistar. Isso me ajuda a ter os pés no chão. Tenho como inspiração Irandhir Santos, que é um grande ator e mantém a humildade", afirma

Vianna contracenou com Irandhir em "Velho Chico". Essa história, aliás, também começou no Facebook, quando ele leu um post de um grupo de atores. Buscavam profissionais para interpretar nordestinos na novela da Globo. A seleção para pequenos personagens que apareceram durante a trama teve 400 candidatos testados para 20 vagas, uma delas conquistadas por Vianna.

MUITOS EMPREGOS

Foram três papéis em "Velho Chico": carteiro, feirante e jornalista, o último deles contracenando com Antônio Fagundes, realizando um sonho de infância.

"Me senti orgulhoso, pois é quebrar uma barreira que para muitos parece impossível. Você está ali lado a lado com quem você cresceu assistindo na TV e é um dos maiores atores do país. Foi uma conquista enorme", diz.

"Foram sete meses intensos de trabalho, tivemos perdas de dois colegas [Umberto Magnani e Domingos Montagner]", lamenta.

Vianna começou a trabalhar aos 16 anos com teatro amador, ajudando também os pais comerciantes a complementar a renda. Em 2003, formou-se em arte dramática pela Universidade Federal do Pará (UFPA), onde trabalhou com peças de teatro focadas na cultura da região, lendas regionais, contos amazônicos e danças populares.

Em 2010, mudou-se para o Rio de Janeiro em busca de mais oportunidades. Conciliava dois mundos diferentes, o corporativo e o das artes.

Foi vendedor em lojas de diversos segmentos, além de garçom, instrutor de treinamento e desenvolvimento para funcionários de empresas.

Paralelamente, aos finais de semana, por cinco anos, viajou pelo país como integrante de uma companhia de teatro infantil que reproduz clássicos da Disney. Participou também de 12 curtas-metragens acadêmicos e profissionais.

E, agora, acrescentou a faxina no currículo.


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