Folha de S. Paulo


crítica

Biografia de youtuber, 'Eu Fico Loko' só se salva quando ri de si

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"E aí, meus loucões e louconas deste Brasil, tudo bom com vocês?" Se essa frase não lhe diz nada, mas você tem filhos, sobrinhos, netos, afilhados ou irmãos com idade entre os seis e os 15 anos, o tormento começa hoje: entra em cartaz "Eu Fico Loko", estreia no cinema uma das maiores estrela do YouTube, Christian Figueiredo.

Não que o filme, que narra a história de vida do pós-adolescente Figueiredo, 22, seja ruim. Ele é um cozidão competente de centenas de causos já contados por Christian na internet e depois colocados no papel –os três livros da série biográfica "Eu Fico Loko" figuraram na lista dos dez mais vendidos por semanas.

É um filme sobre como um adolescente desajustado pode se tornar uma estrela. Sobre a perda do BV –"boca virgem", ou quem nunca beijou na boca, no nível principiante de adolescentes há duas décadas. Sobre a morte de um ente querido. Sobre a perda da virgindade. Todos temas áridos e atemporais. Mas é clichê até dizer chega.

Divulgação
 Eu fico loko [Brasil, 2016], de Bruno Garotti (Downtown/Paris). Gênero: comédia. Elenco: Christian Figueiredo, Alessandra Negrini, Marcello Airoldi. ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
Christian (Filipe Bragança) e Gabriela (Giovanna Grigio) dão beijo adolescente em 'Eu Fico Loko'

A comédia foge da tentação de reproduzir a mina de ouro que Figueiredo garimpou na internet.

Em vez de fazer uma filmagem em plano americano de um adolescente discursando sobre diarreia, é um filme com atores, sobre um youtuber, não um filme de youtuber tentando ser ator, como faz Kéfera, a mulher mais forte da internet nacional.

Com o poderio de ser uma das figuras centrais da cultura nacional, Christian conseguiu reunir um elenco interessante que resgata o filme de ser um cataclismo de tédio para as pessoas que não sentem engulhos de gritar quando a figura esguia de boné e franja aparece na tela.

Eu Fico Loko 2
Christian Figueiredo De Caldas
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Pausa para merecidas palmas a Alessandra Negrini, como a mãe, e Suely Franco, no papel da avó desbocada.

Há bons momentos cômicos, a maioria deles quando o filme ri de si mesmo. Na abertura, Christian explica para o público que aquele "vídeo de internet" é um pouco mais longo do que a média, e por isso se chama "filme de longa-metragem".

O resultado é simples, mas simpático, ainda que inexpressivo para quem é incapaz de entender o apelo exercido pela trajetória batida do ídolo.

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EU FICO LOKO
DIREÇÃO Bruno Garotti
ELENCO Christian Figueiredo, Alessandra Negrini, Filipe Bragança
PRODUÇÃO Brasil, 2016, 12 anos
QUANDO estreia nesta quinta (12)


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