Folha de S. Paulo


Chris Pratt e Jennifer Lawrence se encontram no romance 'Passageiros'

Jaimie Trueblood/AP
Chris Pratt and Jennifer Lawrence star in Columbia Pictures' PASSENGERS.
Chris Pratt e Jennifer Lawrence em "Passageiros"

Em dois anos, Chris Pratt, 37, saiu de comediante coadjuvante da série "Parks & Recreations" para protagonista disputado. Foi o herói "Guardiões da Galáxia", um dos sucessos mais inusitados da Marvel, e viu seu "Jurassic World - O Mundo dos Dinossauros" tornar-se a maior bilheteria do verão de 2015 com US$ 1,6 bilhão em caixa.

Já Jennifer Lawrence, com apenas 26 anos, já foi indicada ao Oscar quatro vezes –vencendo como melhor atriz por "O Lado Bom da Vida", em 2013. Hoje, ela é a atriz mais valiosa do mundo, faturando US$ 46 milhões em um ano. Com tantos egos gigantescos em Hollywood, cada vez fica mais difícil para um longa original reunir os dois nomes mais "quentes" do cinema. Mas foi o que "Passageiros", que estreia nesta semana no Brasil, conseguiu.

"Quando li o roteiro, me falaram para imaginar Jennifer Lawrence interpretando a protagonista feminina", conta Pratt à Folha. "Eu pensei comigo mesmo: até parece que ela vai topar, vamos com calma. Falei para os produtores pensarem em outras atrizes, mas ela leu o roteiro e concordou em assumir o papel. Ainda bem, porque não via outra pessoa naquela personagem."

Lawrence parecia um sonho distante. Primeiramente, os produtores precisariam bancar suas exigências, que, segundo a "Hollywood Reporter", giravam em torno de um salário de US$ 20 milhões e mais 30% em cima do lucro do filme. Em segundo lugar, a atriz não parecia disposta a assumir outro projeto de US$ 110 milhões após seus papéis em franquias bilionárias como "X-Men" e "Jogos Vorazes".

"Precisei ler o roteiro de 'Passageiros' duas vezes para dizer sim", revela a sempre brincalhona atriz. "Falei esse ano que não iria fazer mais blockbusters, que iria limpar meu organismo, só trabalhar com filmes independentes. Estava cansada dos estúdios e de toda essa merda... mas li o script e pensei: 'Ok, vamos fazer esse último'."

Apesar da rasgação de seda de Lawrence, "Passageiros" passou mais de uma década no limbo, quando ainda era a história de um soldado em missão suicida em outro planeta. Em 2007, o roteiro de Jon Spaihts ("Prometheus"), já remodelado, foi escolhido por produtores e cineastas em Hollywood como um dos "melhores filmes não-produzidos" da época.

Keanu Reeves se manteve à frente do projeto até 2014 e viu diretores como Gabriele Muccino ("À Procura da Felicidade") e Brian Kirk ("Game of Thrones") e estrelas como Reese Witherspoon e Rachel McAdams entrarem e saírem do longa em todos esses anos.

O novo presidente da Sony, Tom Rothman, que alertou para o "declínio do cinema com a escassez de material original" finalmente concordou em liberar os cofres do estúdio, convocou o diretor Morten Tyldum –que tinha acabado de ser indicado ao Oscar por "O Jogo da Imitação"– e reuniu Chris Pratt e Jennifer Lawrence no auge da popularidade da dupla.

"É um filme com três arcos distintos", diz Pratt. "O início é um drama sobre solidão, o meio é um romance épico e no fim temos uma aventura de ação."

O filme é uma espécie de mistura entre o dramalhão de "Titanic" e o conceito de ficção científica hardcore de "Gravidade". No futuro, a Terra já singrou para colonizar outros planetas. Numa destas naves colonizadoras chamada Avalon, um dos 5 mil casulos de hibernação entra em curto e libera o mecânico Jim Preston (Pratt) 90 anos antes da chegada prevista à nova colônia no planeta Homestead II.

"É uma sentença de morte, um estudo de isolamento e solidão. É uma história humana construída com elementos de ficção científica, um gênero que nos faz questionar coisas que não questionamos no dia a dia", diz Pratt, que logo ganha a companhia de Aurora Lane (Lawrence), uma jornalista em busca de relatar os sonhos daqueles exploradores pós-modernos.

"É um filme intrigante em que muitas pessoas não vão concordar com a decisão da minha personagem e vão discutir o tema", prevê a atriz sobre seu polêmico despertar intergaláctico. "Foi importante que eu estivesse ali protegendo a história para não fazer a plateia se sentir enganada."

Mas a recepção de "Passageiros" não foi das melhores. Apesar de algumas cenas inspiradas, os críticos massacraram o romance disfuncional gerado por ações egoístas e maquiavélicas –além de não terem comprado a (falta) de química entre Pratt e Lawrence, que parecem melhores amigos, não amantes apaixonados. "Não fizemos nenhum teste de química", lembra o ator. "Mas não é à toa que Jennifer é considerada a melhor atriz do mundo. Ela elevou meu jogo. Foi como jogar tênis com Serena Williams."

A partida também não empolgou o público. A bilheteria de "Passageiros" pouco combina com os nomes envolvidos: no fim de semana de estreia nos EUA, ficou em terceiro lugar, perdendo para "Rogue One" e "Sing".


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