A série "A Cara do Pai", no ar nas tardes de domingo pela Globo, foi feita sob medida para Leandro Hassum. Transmitido desde a última semana (18), o programa exibe o comediante de cara nova e com outras pretensões artísticas além do humor rasgado.
"É o primeiro programa em que ele está realmente magro, e é como se fosse um novo comediante. No humor, o gordo entra ganhando de um a zero. Agora, o Hassum está se recolocando, e tem talento suficiente para isso. Está num caminho muito bom", diz o roteirista Paulo Cursino, criador da atração.
Hassum perdeu mais de 50 quilos após uma cirurgia bariátrica, em 2014. Desde então, atuou no humorístico "Chapa Quente" -exibido até 2015 na Globo-, em que aparecia ainda em processo de emagrecimento.
No início deste ano, também participou, ainda mais leve, da sequência do fenômeno de bilheteria "Até que a Sorte nos Separe 3". O longa explicou a magreza "repentina" de um filme para o outro com uma piada envolvendo André Marques, outro que emagreceu.
DIVÓRCIO
Pois a medida de Hassum, agora, é um seriado em que abaixa seu característico tom histriônico para apostar em cenas levemente dramáticas.
Além disso,pela primeira vez, o programa se apoia em grande parte apenas na atuação de Hassum, sem duplas ou parceiros -como em "Os Caras de Pau", com Marcius Melhem, ou em "Chapa Quente", com grande elenco.
Um projeto que a Globo devia há tempos para Hassum, diz Cursino: "Ninguém nunca pensou em colocá-lo brilhando num cartaz". O reconhecimento, comenta, veio depois de filmes como a trilogia "Até que a Sorte Nos Separe" e "O Candidato Honesto", que somam mais de 10 de milhões de espectadores. "Ele precisou fazer franquias campeãs para perceberem que não era só um 'escada'", comenta o roteirista.
"A Cara do Pai" não chega à "dramédia", mas a seriedade cai bem na narrativa sobre um comediante de stand up bem sucedido, que toma seguidos choques de realidade no convívio com a filha pré-adolescente. Divorciado, passa os fins da semana com a filha (Mel Maia). E fica melancólico quando precisa devolvê-la à mãe (Alessandra Maestrini).
"Eu tinha a tendência de só fazer comédia, comédia. Queria escrever humor para também emocionar, tocar o público", diz Hassum, que bebeu na americana "Modern Family" para "A Cara do Pai".
O ator e Cursino -parceiro de longa data na TV e no cinema- começaram a delinear o projeto no final de 2014.
A Globo aprovou o humorístico e, em abril, o roteirista entregou quatro episódios. Em agosto, a emissora encomendou outros 12 capítulos a toque de caixa, para colocar no ar em quatro meses.
"Fiquei surpreso. Trabalhei anos em 'A Grande Família', tenho colegas em outros seriados da casa e sei do prazo que têm para entregar. Não dava. Não quero mais fazer coisas assim na TV, se não ficar bom, é o nome do dono da ideia que vai ficar marcado", afirma Cursino.
A queixa o levou a pedir de demissão, após 20 anos de Globo. Eis que os "padrastos" Daniel Adjafre, no texto, e Fabrício Mamberti, na direção, tocaram o projeto adiante e promoveram mudanças.
"Resolvi tirar o lado farsesco para que tivéssemos credibilidade. O farsesco afasta o realismo, a capacidade se identificar. Estamos desenvolvendo com o Leandro uma linha madura, como a postura de um pai", afirma Adjafre.
Nada que cause sobressaltos aos habituados a Hassum: "Sei que conquistei meu público. Pretendo continuar entregando o que eles esperam".
O humorista deve aparecer mais sério nos cinemas em 2017 no remake de "Dona Flor e seus Dois Maridos", e mais escrachado em "O Candidato Honesto 2". E que papéis ainda almeja? "Um serial killer meio louco.
Queria fazer o Negan, da última temporada de 'The Walking Dead'. Ele é doente, um demônio, e tem um puta de um humor."
A jornalista viajou a convite da Globo
NA TV
A CARA DO PAI
QUANDO dom., às 15h, na Globo